Presidente dos Estados Unidos, Joe BidenAFP

As principais lideranças democratas se apressaram em enaltecer o legado de Joe Biden após a decisão histórica do presidente americano, neste domingo (21), de desistir de sua candidatura à reeleição, enquanto os republicanos exigiram sua renúncia imediata.

Sua família, ex-presidentes e legisladores do Partido Democrata acolheram Biden, que declarou apoio à sua vice-presidente, Kamala Harris, para enfrentar o republicano Donald Trump nas eleições de 5 de novembro. A própria Kamala elogiou o "ato desinteressado e patriótico" de Biden, de 81 anos, afirmando, em um comunicado, que seus feitos são "incomparáveis na história moderna" do país.

Em uma declaração conjunta, o ex-presidente Bill Clinton e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton disseram que "se unem a milhões de americanos nos agradecimentos ao presidente Biden por tudo o que realizou". A menos de um mês da Convenção Democrata, eles também apoiaram Harris como candidata democrata para enfrentar o ex-presidente Trump.

"Agora é o momento de apoiar Kamala Harris e lutar com tudo o que temos para elegê-la. O futuro dos Estados Unidos depende disso", disseram os Clinton.

O ex-presidente Barack Obama, que governou com Biden como vice durante dois mandatos, o qualificou como um "patriota da mais alta classe", mas evitou declarar apoio a Kamala, pois a decisão do mandatário coloca o partido em "águas desconhecidas".

A ex-presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, que segue exercendo uma imensa influência nos legisladores democratas e que pressionou pela saída de Biden, o qualificou como um "americano patriota que sempre pôs nosso país em primeiro lugar".

"Seu legado de visão, valores e liderança o tornam um dos presidentes mais significativos da história dos Estados Unidos", disse a representante da Califórnia em um comunicado, no qual lhe expressou seu "amor e gratidão" após a difícil decisão do democrata.

Biden também foi elogiado pelos principais líderes do Congresso, o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e o da minoria na Câmara de Representantes, Hakeem Jeffries. Ambos mantiveram reuniões privadas com Biden no fim de semana passado.

"O presidente Joe Biden é um dos líderes com mais realizações e mais significativos da história dos Estados Unidos", disse Jeffries em nota. Para Schumer, Biden "não só foi um grande presidente e um grande líder legislativo, mas é um ser humano verdadeiramente incrível".

"Sua decisão, obviamente, não foi fácil, mas uma vez mais priorizou seu país, seu partido e nosso futuro", disse o senador por Nova York.

Fúria republicana
Os republicanos, ao contrário, com Trump à frente, criticaram duramente a Presidência de Biden e pediram a renúncia do democrata antes do fim de seu mandato, em janeiro.

"O corrupto Joe Biden não era apto para se candidatar como presidente, e certamente não é apto para servir (como tal) - e nunca foi! [...] Sofremos muito com sua Presidência, mas vamos remediar o dano que fez muito rapidamente", publicou Trump em sua rede, Truth Social, pouco depois do anúncio de Biden.

Para seu colega de chapa nas presidenciais, J.D. Vance Biden, "é o pior presidente da história" do país e Kamala Harris "o acompanhou" durante seu mandato, e por isso também "é responsável por todos estes fracassos". Para a equipe de campanha de Trump, Kamala Harris seria "ainda pior" para o país que Biden.
O presidente do Congresso, o republicano Mike Johnson, disse que "se Joe Biden não está em condições de se candidatar à Presidência, não está em condições de servir como presidente". "Deve renunciar ao cargo imediatamente", disse, em um comunicado.

Muitos republicanos haviam pedido nos últimos dias que Biden, após seu desastroso desempenho no debate com Trump aparecia em desvantagem nas pesquisas, continuasse na campanha, alegando que sua substituição não seria "democrática".

Mitch McConnell, líder republicano do Senado, afirmou que "o Partido Democrata tem estado muito preocupado nas últimas semanas tentando jogar por terra a vontade expressa pelo povo americano nas eleições realizadas em todo o país". "Não podemos permitir mais quatro anos de fracasso", acrescentou em um comunicado.

Família
A família de Biden, ao contrário, apoiou o patriarca, cuja decisão encerra cinco décadas de carreira política. A primeira-dama, Jill Biden, publicou no X, antigo Twitter, o comunicado de seu marido, anunciando sua desistência com um emoji com dois corações.

A neta, Naomi Biden, disse, também no X, que "não pode se sentir mais orgulhosa" do avô, que serviu ao país "com cada pedacinho de sua alma e com uma distinção sem igual".
Para seu filho, Hunter Biden, o "amor incondicional de seu pai tem sido sua estrela polar como presidente, e como pai". "Obrigado, senhor presidente. Te amo, papai", diz sua mensagem, compartilhada por sua filha, Naomi.