Donald Trump, ex-presidente dos EUA e candidato à reeleiçãoEduardo Munoz Alvarez/AFP

Donald Trump voltou a fracassar pela terceira vez, nesta quarta-feira (14), em sua tentativa de afastar o juiz que deve anunciar sua sentença por encobrir o pagamento em dinheiro para comprar o silêncio de uma ex-atriz pornô.
Os advogados do candidato republicano à presidência voltaram a alegar que o trabalho da filha do juiz de origem colombiana Juan Merchan para uma organização de inclinação democrata cria um "conflito de interesses" e que ele deveria se afastar do caso.
Em maio, um júri declarou o ex-presidente culpado de 34 crimes por encobrir os pagamentos para silenciar a ex-estrela de cinema pornô Stormy Daniels por uma suposta aventura extraconjugal.
Em 16 de setembro, o juiz avaliará uma moção em separado dos advogados de Trump para anular o veredicto e rejeitar o caso, amparando-se na sentença de julho da Suprema Corte sobre a imunidade presidencial.
A depender do resultado dessa audiência, Merchan agendou o anúncio da sentença de Trump para 18 de setembro. O juiz rejeitou categoricamente a última tentativa de Trump para que fosse afastado do caso.
"Dito claramente, os argumentos do demandado não são mais que uma repetição de afirmações ultrapassadas e sem fundamento", escreveu Merchan na decisão.
"A confiança do advogado da defesa, e a aparente citação de sua própria afirmação anterior, cheia de imprecisões e afirmações sem fundamento, é infrutífera. Como tal, a moção do demandado é indeferida de novo", diz o texto.
Anteriormente, um painel de ética do estado de Nova York não encontrou nenhum problema para Merchan continuar no caso, e o juiz disse que o "tribunal continuará baseando suas decisões na evidência e na lei, sem temor nem favor, deixando de lado a influência indevida".
Apesar da decisão do painel de ética, a equipe legal de Trump insistiu que o trabalho realizado pela filha de Merchan, que, segundo eles, incluía esforços passados de arrecadação de fundos para a adversária de Trump nas eleições de novembro, a vice-presidente Kamala Harris, mina a independência do juiz.
Em sua plataforma Truth Social, Trump qualificou de "supressão e manipulação do voto" uma ordem de Merchan que limitava sua capacidade de atacar os parentes do juiz.
Trump, o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos condenado pela Justiça, segue fazendo tudo o possível para anular a sentença de Nova York e atrasar outros julgamentos pendentes até depois das eleições de novembro.
O bilionário republicano enfrenta acusações em Washington e na Geórgia relacionadas aos esforços para anular os resultados das eleições de 2020 que perdeu para o democrata Joe Biden.