Alain Delon participou de mais de 90 produções cinematográficasReprodução / Internet

Cultuado ator francês que estrelou uma série de clássicos entre os anos de 1960 e 1970, Alain Delon morreu na madrugada deste domingo, aos 88 anos. A notícia foi confirmada por sua família em uma nota enviada à imprensa francesa. Apesar do artista sofrer de um linfoma, a causa não foi informada.

Delon participou de mais de 90 produções cinematográficas com cineastas como Louis Malle, Michelangelo Antonioni, Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Melville, Luchino Visconti, René Clément e Jacques Deray.
Veja fotos da carreira do artista


"Alain Fabien, Anouchka, Anthony e (seu cão) Loubo lamentam profundamente o falecimento de seu pai. Ele morreu tranquilamente em sua casa em Douchy, rodeado por seus três filhos. A família pede que respeitem sua privacidade neste momento de luto extremamente doloroso", informou a nota divulgada pela família de Delon na manhã deste domingo.
 Em 2019, o ator também sofreu um acidente vascular cerebral e, desde então, vinha enfrentando problemas de saúde.

Alain Delon "foi ao encontro de (Virgem) Maria entre as estrelas que lhe são tão queridas", declarou o comunicado, acrescentando que a "família pede para que sua privacidade seja respeitada neste momento de luto extremamente doloroso".
O presidente francês Emmanuel Macron lamentou a morte do ator, afirmando, em postagem na rede social X (antigo Twitter) que Delon "encarnou papéis lendários e fez o mundo sonhar". E ainda: "Melancólico, popular, secreto, foi mais que uma estrela: um monumento francês".
Sinônimo de talento e beleza
Delon nasceu em 8 de novembro de 1935 em Sceaux, uma pequena cidade nos arredores de Paris, e antes de iniciar a carreira artística, serviu à Marinha do país. Sua estreia no cinema aconteceu com o filme "Uma tal condessa" (1957).
Em pouco tempo, ele se destacou como um dos atores mais promissores de sua geração, conquistando papéis em filmes que se tornariam clássicos, como "O sol por testemunha" (1960), onde interpretou o sedutor Tom Ripley, e "Rocco e seus Irmãos" (1960), de Luchino Visconti, que confirmou sua posição como um dos grandes talentos do cinema europeu.

Durante os anos 1960 e 1970, Delon continuou a acumular sucessos, estrelando filmes icônicos como "O Leopardo" (1963), também dirigido por Visconti, "O Samurai" (1967), de Jean-Pierre Melville, e "Borsalino" (1970), ao lado de Jean-Paul Belmondo. Sua beleza estonteante e presença na tela fizeram dele um símbolo de masculinidade e charme, reconhecido mundialmente.

Embora sua carreira tenha sido repleta de sucessos, Delon foi notoriamente seletivo em relação a prêmios. O único prêmio do autor foi o César de Melhor Ator em 1985pela atuação em "Notre Histoire", de Bertrand Blier.
Em 2019, aos 83 anos, ele recebeu a Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes, um reconhecimento pela sua contribuição para o cinema mundial. Entre lágrimas, fez um discurso comovente.

"É uma espécie de homenagem póstuma, mas em vida", disse ele na ocasião.
Relacionamentos conturbados
Delon foi conhecido por relações intensas e muitas vezes turbulentas com mulheres famosas, incluindo Romy Schneider, com quem teve um dos romances mais notórios. Eles se conheceram em 1958, durante as filmagens do filme "Christine", e logo se tornaram o casal mais falado da Europa.
Apesar de ficarem noivos, nunca chegaram a se casar. O relacionamento terminou de forma abrupta em 1963, quando Delon a deixou, sem maiores explicações, para se envolver com a modelo e atriz Nathalie Barthélemy.
Com Nathalie, Delon teve seu primeiro filho, Anthony Delon, nascido em 1964. O casamento, no entanto, foi breve, e eles se divorciaram em 1969. Mais tarde, ele teve uma relação de 15 anos com outra grande estrela do cinema francês, Mireille Darc. Apesar da separação, continuaram amigos até a morte da artista em 2017. Delon chegou a descrevê-la como a "grande mulher de sua vida".
Nos anos 1980, o ator conheceu a modelo holandesa Rosalie van Breemen, com quem teve dois filhos, Anouchka e Alain-Fabien. Este foi seu último relacionamento significativo, e eles permaneceram juntos até o final dos anos 1990.
Embates com a família
Pouco visto desde os anos 1990, o ator retornou às primeiras páginas dos jornais em 2023, quando seus três filhos apresentaram queixa contra sua cuidadora, Hiromi Rollin, por vezes descrita como sua companheira, quem acusaram de se aproveitar de seu estado fragilizado.

Desde então, travaram então uma guerra através da imprensa e dos tribunais, em relação ao estado de saúde do ator, que sofria de linfoma e teve um AVC em 2019.
Pedidos de eutanásia
O próprio ícone do cinema francês já havia falado sobre o assunto em 2021, durante entrevista à emissora TV5 Monde. "Primeiro porque moro na Suíça, onde a eutanásia é possível, e também porque acho a coisa mais lógica e natural. A partir de certa idade, de um determinado momento, temos o direito de dar o fora com calma, sem passar por hospitais, injeções ou coisas assim", afirmou na ocasião.