Presidente dos EUA, Joe BidenAFP
A indústria petrolífera da Venezuela está sob sanções desde 2019. Washington havia aliviado as medidas por seis meses, mas as reimpôs em abril, alegando que o presidente Nicolás Maduro não cumpriu suas promessas eleitorais.
Apesar da pressão, Washington se limitou a impor sanções econômicas a 16 funcionários venezuelanos, incluindo a presidente da Suprema Corte e líderes de órgãos eleitorais, da Assembleia Nacional, militares e membros dos serviços de inteligência.
A ausência de novas sanções ao setor petrolífero levanta questões. "O governo é muito cauteloso ao lidar com as licenças, especialmente as da Chevron, mas também de duas petrolíferas europeias", explicou à AFP Francisco Monaldi, diretor do Programa Latino-Americano de Energia do Instituto Baker, na Universidade de Rice, no Texas.
Além disso, Washington considera que as sanções ao setor petrolífero não foram eficazes para levar o governo venezuelano a negociações, preferindo manter algum nível de diálogo. As licenças são vitais para Maduro, mas, mesmo sem elas, ele parece determinado a se manter no poder.
Outro fator em jogo é a possível ocupação do espaço deixado pela Chevron por empresas russas ou chinesas, em um país com as maiores reservas de petróleo do mundo.
Em paralelo, o presidente russo, Vladimir Putin, convidou Maduro para a cúpula dos BRICS, prevista para outubro na cidade russa de Kazan.
"Estamos acompanhando de perto os eventos políticos e econômicos na Venezuela e estamos comprometidos em calibrar nossa política de sanções de forma adequada, em resposta tanto aos fatos quanto aos interesses nacionais mais amplos dos Estados Unidos", respondeu em coletiva de imprensa virtual.
No Congresso, há pressões para que Joe Biden tome novas medidas.
O presidente da Comissão Judiciária do Senado americano, o democrata Dick Durbin, apresentou nesta semana um projeto de lei para acabar com a "fortaleza financeira de Maduro".
"O regime de Maduro atualmente utiliza os rendimentos petrolíferos que dependem da participação dos Estados Unidos para manter seu estado policial", afirma Durbin.
Monaldi duvida que a proposta tenha viabilidade e estima que será necessário esperar até depois das eleições para ver o que acontece.
A Venezuela viu sua produção cair de três milhões de barris por dia há mais de uma década para 400 mil em 2020, devido à corrupção, má gestão e sanções americanas. Atualmente, o país extrai cerca de 870 mil barris diários.
Este colapso provocou uma diversificação da economia, que depende menos do petróleo e mais de outras atividades, como as remessas.
Segundo um relatório da ONG Transparência Venezuela, "o contrabando de drogas, ouro, combustível e a corrupção em portos e aduanas aumentou nos últimos anos".
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