Ruas inundadas em Glucholazy, no sul da Polônia, neste domingo Sergei Gapon/AFP
Tempestade Boris deixa ao menos 15 mortos e enchentes na Europa central
Centenas de pessoas foram evacuadas de helicóptero dos telhados das casas e capôs dos carros, e várias comunidades permanecem isoladas
A tempestade Boris deixou pelo menos quinze mortos, graves inundações e danos materiais ainda difíceis de quantificar em cinco países da Europa Central e Oriental, segundo os balanços divulgados nesta segunda-feira (16).
Ventos e chuvas fortes atingem a Áustria, a República Tcheca, a Hungria, a Romênia e a Eslováquia desde o final da semana passada.
Além das sete mortes registradas na Romênia, a Áustria anunciou duas novas mortes - de dois homens com 70 e 80 anos - depois da de um bombeiro no dia anterior.
Na República Tcheca, a polícia confirmou à rádio estatal a morte de uma pessoa que se afogou, além de sete desaparecidos.
A polícia polonesa relatou quatro vítimas e o primeiro-ministro Donald Tusk anunciou a ajuda imediata de 260 milhões de dólares (1,44 bilhão de reais na cotação atual).
"Moro aqui há 16 anos e nunca vi enchentes como esta", disse a austríaca Judith Dickson à rádio ORF.
Especialistas afirmam que a mudança climática, causada pelas emissões de gases com efeito de estufa geradas pela atividade humana, aumenta a frequência e a intensidade de fenômenos meteorológicos extremos, como chuvas torrenciais e inundações.
As chuvas de Boris inundaram ruas e submergiram bairros inteiros, interromperam o transporte público, romperam pelo menos 12 barragens e deixaram milhares de casas sem energia na Áustria.
Dois idosos na faixa dos 70 e 80 anos foram encontrados mortos em suas casas inundadas no estado da Baixa Áustria, um dos mais afetados do país, informou a polícia. Um bombeiro morreu no fim de semana enquanto participava dos resgates.
Centenas de pessoas foram evacuadas de helicóptero dos telhados das casas e capôs dos carros, e várias comunidades permanecem isoladas.
"Não acabou. Ainda é crítico. Ainda é dramático", alertou Johanna Mikl-Leitner, governadora da Baixa Áustria, acrescentando que a extensão exata dos danos ainda não é conhecida.
Em Krnov, no leste da Republica Tcheca, Eliska Cokreska, de 76 anos, descreveu a destruição deixada pela tempestade. "Todas as calçadas estão destruídas, tudo desabou, tudo está quebrado ao redor da loja... é um pesadelo", disse à AFP.
Na Polônia, a polícia atualizou para quatro o número de mortes nas zonas afetadas pela catástrofe (o balanço anterior reportava uma morte), mas observou que ainda era necessário esclarecer as causas exatas dos óbitos.
A água também submergiu a cidade de Glucholazy, na fronteira entre a Polônia e a República Tcheca, onde muitos moradores se refugiaram em uma escola.
"A polícia veio nos ver na sexta-feira, mas ficamos em casa porque estávamos convencidos de que nada aconteceria", disse à AFP Joanna Polacasz, que foi obrigada a se refugiar na escola após a repentina subida das águas.
Na Romênia, as inundações deixaram seis mortos. Muitos moradores tiveram que subir nos telhados de suas casas para salvar suas vidas.
No noroeste da Hungria, o governo destacou mais de 350 militares para reforçar as barreiras contra inundações, esperando um aumento do fluxo do Danúbio e dos rios que correm através da sua bacia.