Bombeiro combate incêndio em Roboré, na região boliviana de Santa CruzArquivo / AFP
Incêndios florestais batem recordes de emissões na Bolívia, Pantanal e Nicarágua em 2024
Observatório Europeu aponta que severas condições de seca impulsionaram níveis históricos de emissões de carbono e degradação da qualidade do ar no continente americano
Os incêndios florestais foram especialmente intensos em 2024 no continente americano, com recorde de emissões de carbono registrados na Bolívia, Nicarágua e no Pantanal, uma vasta zona úmida ao sul da Amazônia, segundo um informe publicado nesta quinta-feira (5) pelo observatório europeu Copernicus.
"América do Norte e América do Sul são as regiões que mais se destacaram nas emissões mundiais" de gases de efeito estufa "relacionados com incêndios em 2024", resumiu Mark Parrinton, do Serviço de Monitoramento da Atmosfera do Copernicus (CAMS).
"A magnetude de alguns incêndios alcançou níveis históricos, particularmente na Bolívia, no Pantanal e em algumas partes da Amazônia enquanto os incêndios florestais no Canadá foram novamente extremos, embora não tenham atingido o tamanho de 2023”, acrescentou o cientista na revisão anual do CAMS.
"A maior parte do continente americano experimentou severas condições de seca, o que aumentou a probabilidade de grandes incêndios florestais", explicou o observatório.
Em detalhes, “a Nicarágua registrou as maiores emissões de carbono de incêndios florestais” medidas pelo CAMS, cujos registros diários de satélite remontam a 2003.
A temporada de incêndios também foi inensa no Brasil e "particularmente extrema na Bolívia", onde as emissões anuais de carbono superaram ampliamente o recorde anterior da base de dados do CAMS.
Outro recorde foi estabelecido no estado brasileiro do Mato Grosso do Sul devido aos incêndios que devastaram o Pantanal, uma das maiores zonas úmidas do mundo e uma vasta reserva de biodiversidade no sul da Amazônia.
O Copernicus estima que os incêndios florestais liberaram 176,6 megatoneladas de CO₂ em 2024 na Amazônia brasileira.
"Estes incêndios tiveram repercussões a nível continental na qualidade do ar, com altas concentrações de partículas e outros contaminantes que persistiram durante várias semanas", destacou, também, Mark Parrington.
Em outras partes do mundo, “a Eurásia Oriental, incluindo a região dentro do Círculo Polar Ártico, também apresentou emissões de fogo acima da média”, observou o relatório.
Na Europa, a temporada de incêndios esteve "próxima do previsto", com alguns episódios destacados na Macedônia do Norte, Grécia e Bálcãs durante o verão, assim como em Portugal em setembro.
No sudeste asiático, as emissões, que geralmente são muito altas, “estão em uma tendência de queda há duas décadas”, apesar das exceções na Birmânia e no Laos, ressaltou o Copernicus.
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