Por marta.valim

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) reduziu a previsão de crescimento do Brasil de 2,2%, feita em novembro,  para 1,8%, segundo o relatório "Perspectivas econômicas mundiais", divulgado nesta terça-feira.

No estudo, a Organização diz que a economia brasileira perdeu força e que a inflação se manteve insistentemente acima da meta do Banco Central de 4,5%. Para a OCDE, "uma política monetária mais dura, a menor demanda externa e as incertezas políticas causadas pelas eleições presidenciais terão impacto sobre a economia em 2014".

A projeção é de crescimento um pouco maior para o próximo ano, de 2,2%, mas vão continuar as restrições de oferta, o mercado de trabalho apertado e a necessidade de políticas macroeconômicas mais duras para segurar a demanda doméstica. A previsão de novembro para 2015 era de 2,2%.

A OCDE disse ainda que o Banco Central elevou a taxa básica de juros apropriadamente para conter a inflação e que o governo precisa realizar um aperto na política fiscal em 2014. A organização aponta também que,  para aumentar o crescimento potencial do país, é necessário aumentar a velocidade dos investimentos em infraestrutura, reduzir as barreiras comerciais e fazer uma reforma tributária.

Crescimento mundial

A Organização também reduziu a previsão de crescimento mundial em 2014 para 3,4%, em relação à estimativa anterior de 3,6%, e manteve a projeção de 3,9% para 2015.

A instituição com sede em Paris, que reúne 34 países, em sua grande maioria desenvolvidos, considera que a recuperação "ganha dinamismo" nas economias avançadas e que os riscos em escala mundial são "mais equilibrados", mas destaca que a desaceleração nos países emergentes constitui um "importante desafio".

As potências emergentes do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que assumiram a função de motor do crescimento mundial com a crise de 2008, registrarão um avanço médio de 5,3% em 2014 e de 5,7% em 2015.

No relatório, a OCDE reduziu em oito décimos as projeções de crescimento do PIB chinês em 2014, a 7,4%. Para 2015 prevê uma nova desaceleração do crescimento da segunda maior economia mundial, a 7,3%.

A função de motor do crescimento global retorna aos Estados Unidos, país que deve acelerar sua recuperação, com crescimento de 2,6% em 2014 e de 3,5% em 2015.

A recuperação será mais tímida na zona do euro, que este ano terá um "crescimento positivo depois de três anos de contração". De acordo com a OCDE, o PIB do bloco monetário europeu avançará 1,2% em 2014 e 1,7% em 2015.

No Japão, o crescimento será de 1,2% tanto em 2014 como em 2015, "afetado pela aplicação das medidas necessárias de consolidação fiscal".

A OCDE considera que a prioridade não é mais "evitar o desastre", e sim "aumentar a resiliência, estimular a inclusão e fortalecer a criação de empregos", destacou o secretário-geral da organização, o mexicano Ángel Gurría.

A OCDE também pediu ao Banco Central Europeu (BCE) a adoção de "novas medidas para conduzir de modo mais firme a inflação a sua meta", ou seja, um pouco menos de 2%, e a "estar preparada para anunciar outras medidas de expansão não convencionais".

A OCDE insiste ainda que os países integrantes da organização não devem exagerar com as políticas de austeridade.

*Com agências

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