Por marta.valim
Narendra Mod prometeu durante a campanha instaurar um governo forte e capaz de recuperar a economia da ÍndiaPrakash Singh/ AFP

Nova Délhi - O partido nacionalista hindu de Narendra Modi obteve uma vitória esmagadora nas eleições legislativas na Índia, acabando com 10 anos de poder da dinastia Gandhi-Nehru, desgastada por um crescimento econômico frágil e escândalos de corrupção.

Segundo as projeções divulgadas nesta sexta-feira, o Bharatiya Janata Party (BJP) de Modi e seus aliados conquistariam quase 330 cadeiras das 572 do Parlamento, o que representa uma maioria absoluta sem precedentes nas últimas três décadas.

O anúncio foi comemorado em vários pontos do país.

"A Índia venceu. Bons tempos estão chegando", escreveu no Twitter o provável futuro primeiro-ministro Narendra Modi.

"É o amanhecer de uma nova era. O lótus floresceu na Índia", afirmou o presidente do BJP, Rajnath Singh, em referência ao símbolo do partido.

O melhor resultado até então do partido havia sido obtido em 1999, com 182 deputados.

Os dirigentes do Partido do Congresso, que retornou ao poder em 2004, reconheceram a derrota, que pode ser a mais grave da história da formação que domina a vida política da Índia - com breves interrupções - desde a independência do país do Império Britânico, em 1947.

"Respeitamos a decisão. Assumo minha responsabilidade na derrota", afirmou Sonia Gandhi, presidente do partido, em termos similares aos do filho Rahul, candidato do partido.

"Gostaria de começar felicitando o novo governo. O povo concedeu um mandato. Nós nos saímos muito mal. Como vice-presidente do partido assumo minha responsabilidade", disse Rahul.

Rahul Gandhi - filho de Rajiv Gandhi e neto de Indira Ganghi, dois ex-primeiros-ministros assassinados quando estavam no cargo - realizou uma campanha considerada frágil pelos analistas.

Modi, filho de um vendedor de chá, de 63 anos, prometeu durante a campanha instaurar um governo forte e capaz de recuperar a economia da Índia, o país com a segunda maior população do mundo, com 1,237 bilhão de habitantes.

Após uma década de crescimento superior a 8%, o PIB da terceira maior economia asiática (depois de China e Japão) está em fase de desaceleração, com uma expansão de 5% em 2012/2013.

Otimismo dos mercados, receio das minorias

Vários políticos estrangeiros felicitaram Modi, entre eles o primeiro-ministro britânico David Cameron e o chefe de Governo paquistanês Nawaz Sharif.

Sharif, que desde sua eleição, em maio de 2013, tenta melhorar as relações com o país vizinho, felicitou o dirigente hindu pela "vitória impressionante".

Mas a vitória do partido nacionalista hindu gera temores de uma época difícil entre Índia e Paquistão, em consequência do papel de Modi durante o confronto étnico de 2002 quando era presidente do Estado de Gujarat.

Mil pessoas morreram no conflito, em sua maioria muçulmanas, ante a aparente passividade da polícia.

Os ataques dos críticos - um deles o chamou de "carniceiro de Gujarat" - e as advertências das minorias religiosas sobre as divisões que poderia provocar entre a população não parecem ter afetado sua popularidade.

A chegada de Modi ao poder forçará uma guinada radical dos grandes países ocidentais, que o boicotaram durante quase 10 anos por causa dos distúrbios.

Os indianos hinduístas representam 80% da população, contra 13% de muçulmanos. O restante está composto por minorias cristãs, sikhs e budistas.

Durante a campanha, Modi, que usou como exemplo o balanço de sua atuação na área econômica como governador do estado de Gujarat, evitou ressaltar as reivindicações nacionalistas mais radicais do BJP.

Para os analistas, o novo chefe de Governo será julgado principalmente por sua atuação na área econômica.

O mercado demonstra otimismo sobre a capacidade de Modi para superar as dificuldades da Índia, como as infraestruturas deficientes e a inflação galopante.

Além dos nacionalistas hindus, Modi também recebeu o apoio de parte dos mais pobres, que tradicionalmente votavam no Partido do Congresso por seus programas sociais.

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