Por marta.valim

O déficit comercial dos Estados Unidos registrou um forte aumento em abril, ao alcançar o maior nível em dois anos, anunciou o Departamento do Comércio.

O déficit de US$ 47,2 bilhões, em dados corrigidos de variações sazonais, é um aumento de 6,9% na comparação com março.

Um crescimento de US$ 1,2 bilhão em importação de telefones celulares em relação a março foi o principal fator por trás do aumento de 1,2% das importações totais, que somaram US$ 240,6 bilhões.

As exportações, por outro lado, caíram 0,2% em abril, para US$ 193,3 bilhões. Os dados mostraram que as exportações norte-americanas estão estagnadas, em parte por causa do mais fraco crescimento econômico na China e na Europa.

Mas considerada a retração da economia americana no primeiro trimestre, em um ritmo anual de 1%, em grande parte causada pelo rigoroso inverno, as expectativas eram de que o mês de abril sinalizasse uma retomada do crescimento, com pouca deterioração na balança comercial.

Contudo, nos primeiros quatro meses do ano, o déficit chegou a US$ 174,1 bilhões, 7,9% superior há um ano.

O valor das exportações dos quatro primeiros meses foi maior neste ano, mas em queda em relação aos quatro últimos meses de 2013.

"Assim como a demanda doméstica recuperou-se da queda (do crescimento econômico) relacionada ao clima, o mesmo ocorreu com as importações", disse Harm Bandholz, do UniCredit.

Ele apontou a forte venda de automóveis em todo o país no mês passado, o que requer altos volumes de componentes importados.

"Do mesmo modo, as importações de outros bens de consumo subiram pelo segundo mês consecutivo, assim como as importações de bens de capital", explicou Bandholz.

"Ao mesmo tempo, as exportações tem oscilado desde o início deste ano. O resultado é o maior déficit comercial em anos."

Déficit dos EUA com UE cresce

As duas maiores relações comerciais bilaterais do país - com a China e com a Europa - sofreram, segundo os dados de abril.

O déficit comercial com a China saltou para US$ 27,3 bilhões em comparação com os US$ 20,4 bilhões, enquanto o déficit com a União Europeia cresceu para US$ 14 bilhões, em relação aos 11,5 bilhões do mês passado.

Contudo, considerando-se os quatro primeiros meses do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, os dados indicam que o déficit com a UE teve maior impacto sobre a balanço de pagamento norte-americana.

Entre janeiro e abril de 2014, o déficit comercial com a China foi de US$ 96,4 bilhões, 3 bilhões a mais em comparação a um ano atrás.

Enquanto isso, o déficit comercial com a UE cresceu US$ 7,7 bilhões, e alcançou 47,7 bilhões no mesmo período. 

Washington pressiona para que os produtos norte-americanos sejam melhor aceitos nos dois mercados, mas não tem tido muito sucesso.

A China mantém sua moeda desvalorizada, dizem as autoridades americanas, argumentando que a moeda chinesa deveria ser mais forte do que o dólar, o que tornaria os produtos dos EUA mais competitivos.

Com a Europa, os Estados Unidos estão em meio a negociações do Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, ambiciosa área de livre comércio e investimentos que, para Washington, resultará em maior acesso de suas exportações no mercado europeu.

De acordo com economistas, é provável que os dados fracos de abril puxem para o segundo trimestre da economia o recuo do primeiro trimestre.

Contudo, Ian Shepherdson, do Pantheon Macroeconomics, afirmou em nota que o aumento das importações parece ser "insustentável" considerando-se o baixo crescimento da demanda americana. "As exportações devem competir entre maio e junho", opinou.

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