Por parroyo

A pouco mais de duas semanas para a eleição, o resultado das pesquisas é o principal guia utilizado pelos investidores na tomada de decisões, uma vez que a corrida ao Planalto se mostra cada vez mais acirrada entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). No último levantamento do Datafolha, a petista abriu sete pontos de vantagem, no primeiro turno, sobre a ex-senadora. Em um eventual segundo turno, as candidatas estão tecnicamente empatadas por um único ponto de diferença. Em meio a este cenário, o principal índice da Bovespa começa a próxima semana sem tendência definida.

Ao sabor da corrida eleitoral, o Ibovespa fechou no vermelho em três dos últimos cinco pregões, mas acumulou alta de 1,51% na semana. No ano, os ganhos somam 12,19%. O mercado deixa cada vez mais evidente sua preferência pela troca de governo, e o movimento da bolsa é o seguinte: quando Dilma avança nas pesquisas, as ações das estatais recuam e derrubam o Ibovespa.

“É uma reação natural, uma vez que o governo tem usado a Petrobras para controlar a inflação, o que prejudica os acionistas”, pontuou o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno. A estratégia utilizada pela equipe econômica do governo é adiar o aumento nos preços dos combustíveis para evitar a pressão inflacionária. Como consequência, a estatal arca com o subsídio dos valores – a defasagem no preço da gasolina em relação ao mercado internacional ficou em 11% em agosto.

O leve recuo de Marina nas pesquisas têm derrubado as ações da Petrobras no mês. Os papéis preferenciais da estatal recuam 10,45% no período, mas no ano ainda têm ganhos de 30,29%. O movimento é bem parecido quando se trata dos ativos do Banco do Brasil, que perdem 7,51% em setembro, mas sobem 36,48% em 2014.

Três novas pesquisas serão divulgadas na semana que vem, de acordo com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os Institutos Sensus, Vox Populi e Ibope vão coletar dados a partir do dia 20 de setembro e os resultados estão previstos para vir à público a partir de quarta-feira, dia 24.

“Estaremos mais uma semana à mercê de pesquisa eleitoral e podemos esperar muita volatilidade das ações da Petrobras. O Ibovespa, que está sem tendência definida e com viés baixista, terá de defender o suporte de 57 mil pontos. Se perder esta faixa, deve voltar para os 55.500 pontos”, disse o analista da Trader Brasil, Leandro Klem, para quem o índice terá de superar a barreira dos 59.500 pontos para buscar novamente os 62 mil pontos.

A agenda fraca de indicadores econômicos aponta discursos de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em quatro dias da próxima semana. Na última quarta-feira, a autoridade monetária reafirmou a postura de manter a taxa de juro baixa por um “tempo considerável”. Mas projetou que a taxa, hoje entre zero e 0,25%, termine 2014 no patamar máximo de 1,37%. Ou seja, o aperto deve ser feito somente no segundo semestre do ano que vem, mas em ritmo acelerado.

“Acho difícil os membros do Fed adotarem uma postura diferente do que já foi sinalizado. Eles devem esperar os próximos dados do mercado de trabalho americano, que devem mostrar melhora, para mostrarem uma posição mais clara em relação à política monetária”, pontuou Rostagno. A incerteza em relação ao processo de alta do juro refletiu no câmbio. O dólar acumulou alta de 1,61% sobre o real na semana – foi o maior avanço entre as moedas emergentes – e terminou a sexta-feira cotado a R$ 2,373, o maior valor de fechamento desde fevereiro.

Na agenda dos Estados Unidos, é destaque as encomendas de bens duráveis, na quinta-feira, e também a nova leitura do Produto Interno Bruto (PIB) na sexta-feira. De acordo com a projeção da consultoria LCA, o PIB deve mostrar avanço de 4,2% para 4,5%.

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