Por monica.lima

Os países ricos que integram o G-20 dão subsídios anuais de US$ 88 bilhões para empresas explorarem novas reversas de petróleo, gás e carvão, as fontes que mais poluem o meio ambiente, contribuindo para o aquecimento global e para os perigosos efeitos da mudança climática. O apoio à exploração destas fontes energéticas poluentes acontece principalmente por meio de incentivos fiscais, constatou estudo feito pelos centros de pesquisas britânico Overseas Development Institute (ODI) e Oil Change International, sediado em Washington.

O dinheiro público destes países vai para multinacionais e empresas menores especializadas em pesquisas exploratórias. O governo dos Estados Unidos, por exemplo, concedeu US$ 5,1 bilhões de ajuda para exploração de combustíveis fósseis em 2013, ou seja, quase o dobro do que forneceu em 2009. A verba gasta pelo governo australiano foi de US$ 3,5 bilhões. Em terceiro vem a Rússia, com US$ 2,4 bilhões de ajuda financeira e em seguida,a Grã-Bretanha, com US$ 1,2 bilhão.

O relatório foi divulgado antes da reunião do G-20, neste final de semana, em Brisbane, na Austrália. Os países do G-20, segundo o relatório, “estão desviando investimentos de alternativas econômicas de baixo carbono, como as energias fotovoltaica, eólica e hidráulica”, e com isso “minando a perspectiva de alcançar um acordo climático mais ambicioso em 2015”. A meta estabelecida pela comunidade internacional é de que o aquecimento da temperatura global não ultrapasse 2ºC. Para isso, de acordo com o documento, pelo menos dois terços das reservas comprovadamente existentes de petróleo, gás e carvão precisam ser deixadas intactas. “A evidência aponta para um financiamento público de empresas intensivas em carbono e o apoio a investimentos não econômicos que podem levar o planeta muito além da meta internacional estabelecida que limita o aumento da temperatura global a 2º C”, constata o estudo.

Cerca de quatro vezes mais dinheiro foi gasto em exploração de combustíveis fósseis do que em desenvolvimento de energias renováveis, diz o estudo. O custo da exploração e da produção de combustíveis fósseis só aumenta, e os preços do petróleo e do carvão no mercado internacional estão em baixa. Sem apoio governamental para estas explorações, estas atividades não seriam mais lucrativas, aponta o documento. Já o custo das tecnologias de energias renováveis é cada vez menor. “A velocidade de crescimento da capacidade instalada de energias renováveis tem superado todas as previsões desde 2000”, ressalta o relatório.

Os US$ 88 bilhões de subsídios gastos anualmente pelos países do G-20 com empresas que desenvolvem combustíveis fósseis significam quase o dobro da quantia que a Agência Internacional de Energia (AIE) calcula ser necessária para que todos os habitantes do planeta tenham acesso à energia até 2030. Essa verba representa ainda mais do dobro dos gastos globais em exploração feitas pelas 20 maiores empresas privadas de gás e petróleo do mundo.

O estudo _ assinado pelos analistas Elizabeth Bast, Shakuntala Makhijani, Sam Pickard, e Shelagh Whitley _ critica ainda os países do G-20 por fornecerem mais de US$ 520 milhões por ano de subsídios indiretos para exploração de combustíveis fósseis através do Banco Mundial e de outras instituições financeiras multilaterais de desenvolvimento.

Há cinco anos, líderes dos países do G-20 haviam prometido eliminar os subsídios “ineficientes” de combustíveis fósseis. “As evidências apresentadas neste relatório revelam um grande fosso entre as promessas feitas pelos países do G-20 e a sua ação”, critica o documento.

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