Por bruno.dutra
Buenos Aires - O promotor argentino que acusou a presidente Cristina Kirchner de orquestrar o acobertamento de uma investigação contra o Irã sobre o ataque a bomba de 1994 contra um centro judaico na Argentina foi encontrado morto em seu apartamento, informaram autoridades nesta segunda-feira.
Alberto Nisman, que investigava a explosão que matou 85 pessoas no centro judaico Amia, em Buenos Aires, disse na semana passada que Cristina havia aberto um canal de comunicação secreto com o grupo de iranianos suspeito de ter plantado a bomba.
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Segundo o promotor, o esquema tinha como objetivo inocentar os suspeitos para que a Argentina pudesse começar a negociar grãos em troca de petróleo do Irã.
“Alberto Nisman foi encontrado morto no domingo à noite em seu apartamento no 13º andar da torre Le Par, no bairro de Puerto Madero em Buenos Aires”, informou o Ministério da Segurança Pública da Argentina em comunicado.
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O ministério disse que os guarda-costas de Nisman avisaram à mãe do promotor no domingo à tarde que ele não estava atendendo o telefone nem a campainha, e que os jornais de domingo ainda estavam na porta.
A mãe de Nisman encontrou a porta de seu flat trancada pelo lado de dentro e teve que chamar um chaveiro para abri-la. Ela encontrou o corpo do filho no chão do banheiro, bloqueando a entrada, e ligou para a polícia.
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“Próximo ao corpo de Nisman... foi encontrada uma arma de mão de calibre 22, assim como um cartucho”, declarou o ministério.
Nisman, que segundo a mídia local tinha 51 anos, era esperado em uma audiência a portas fechadas no parlamento nesta segunda-feira para explicar suas acusações contra Cristina.
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O jornal Clarín relatou que poucos dias atrás ele havia dito ao diário que “posso acabar morto por causa disto”. Em uma outra entrevista à televisão, Nisman também cogitou aceitar um reforço em sua segurança.
Autópsia
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“Nos próximos dias, iremos determinar a causa da morte com uma autópsia”, disse a promotora Viviana Fein aos jornalistas reunidos no local do crime nas primeiras horas. “Peço seriedade, peço prudência”.
O juiz encarregado do caso do atentado de 1994 criticou Nisman na semana passada por assumir a responsabilidade de “iniciar uma investigação sem controle judiciário” e afirmou que o indício que ele apresentou era falho.
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O chefe de gabinete argentino, Jorge Capitanich, havia dito que as alegações de Nisman eram “loucas, absurdas, ilógicas, irracionais, ridículas, inconstitucionais”.
Em 2013, Cristina tentou formar uma “comissão da verdade” com o Irã para conduzir uma investigação conjunta. Na época ela declarou que o pacto iria reabrir o inquérito, mas Israel e grupos judeus disseram que a medida ameaçava o andamento do processo criminal do caso.
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A comissão da verdade foi desautorizada por um tribunal argentino, e Teerã jamais a ratificou.
Nisman havia dito que a comissão tinha por fim ajudar a obter a anulação dos mandados de prisão contra os suspeitos iranianos como passo na normalização das relações bilaterais e para abrir caminho para a obtenção do petróleo iraniano, necessário para auxiliar a cobrir o déficit energético argentino de sete bilhões de dólares anuais.