Por monica.lima

A Organização Mundial da Saúde (OMS) quer limitar o consumo de açúcares ocultos nos produtos alimentícios, como o ketchup ou as bebidas açucaradas com gás, responsáveis por inúmeros problemas de saúde, como a obesidade, o excesso de peso e as cáries.

Segundo novas diretrizes da OMS publicadas ontem, os açúcares não devem ultrapassar 10% da ração energética diária da população, tanto em adultos quanto em jovens e crianças. Isso equivale a 50 gramas de açúcar, o que cabe em 12 colheres de café. A OMS lembra que uma grande quantidade dos açúcares consumidos hoje estão ocultos em alimentos que não são considerados doces em sentido estrito, como molhos. Uma colher de sopa de ketchup representa 4 gramas de açúcar oculto, e uma lata de refrigerante pode conter até 40 gramas, o equivalente a 10 colheres de café.

A OMS aconselha não ultrapassar 5% da ração energética diária, o equivalente a seis colheres. Esta quantidade não só evitaria doenças, mas também traria benefícios reais à saúde. “Uma redução abaixo de 5%, isso é, 25 gramas de açúcar por dia, ou seis colheradas de café, teria vantagens adicionais para a saúde”, explicou Francesco Branca, diretor do Departamento de Nutrição para a Saúde e o Desenvolvimento da OMS. “Com um máximo de 5%, um estudo afirma que há zero cáries”, acrescentou. “Há provas de que limitar o consumo diário de açúcar abaixo dos 10% reduz o risco de obesidade e cáries”, afirmou.

Como a meta é considerada pouco factível, a OMS fixou o objetivo em 50 gramas diários. Foi recomendado aos ministérios da Saúde o controle de açúcares livres como glicose, frutose, sacarose, açúcar de mesa adicionado a alimentos processados e bebidas, além do açúcar naturalmente presentes no mel e xaropes. A diretriz não se refere aos açúcares de frutas e vegetais frescos, e os açúcares naturalmente presentes no leite, já que não há nenhuma evidência de efeitos adversos ligados ao seu consumo.

Foram propostas medidas como uma melhor rotulação dos alimentos, na qual se inclua a quantidade de açúcares ocultos. É defendida também a diminuição de “campanhas publicitárias tendo as crianças como público-alvo, para produtos com grande conteúdo destes tipos de açúcares”. A OMS aconselha ainda que os países se “comprometam dialogar com as indústrias agroalimentícias para que reduzam os açúcares ocultos na composição de seus produtos”.

Toda essa preocupação vem na esteira de um levantamento mundial sobre o consumo do açúcar. Segundo Branca, a média ingerida por adulto na América do Norte e América Central é de 95 gramas por dia. Na América do Sul, este número é surpreendentemente maior, 130 gramas. Na Europa Ocidental a quantidade média é de 101 gramas.

Nos EUA, 80% dos alimentos vendidos nos supermercados contêm açúcares ocultos, informou Branca. Alguns países atuaram na vanguarda da OMS. O Equador, por exemplo, obrigou os industriais a colocarem um logotipo colorido sobre os produtos alimentícios em função da quantidade de gordura ou açúcar que contêm.

O corte continental não contempla as diferenças regionais e a variação com a idade. A Europa, Hungria e Noruega conta com taxas modestas que variam entre 7% e 8% do consumo diário de energia. Já em países como Espanha e Grã Bretanha, essa taxa sobe para 17%. A ingestão é muito maior entre as crianças, variando de 12% em praças como Dinamarca, Eslovênia e Suécia, e gritantes 25% em Portugal. As diferenças entre o campo e a cidade também são consideráveis. Na África do Sul, um dos países analisados, a ingestão de açúcar nas comunidades rurais é de 7,5%, enquanto que na população urbana é de 10,3% do consumo total de energia.

O estudo que inspirou a recomendação da OMS foi lançado há um ano. Foi seguido de uma consulta a especialistas, que acumulou mais de 170 comentários. Segundo o relatório, algumas doenças como o diabetes, o câncer ou as doenças cardíacas, provocam todos os anos 16 milhões de mortes prematuras no mundo. Algumas delas são resultado de hábitos negativos como o abuso de álcool, tabaco ou uma má alimentação, muito rica em gorduras ou açúcar. Com Agências

Você pode gostar