Por monica.lima

Rio - O debate sobre símbolos que fazem apologia à escravidão se intensificou ontem nos Estados Unidos com o anúncio de várias medidas para acabar com emblemas confederados que muitos afro-americanos consideram uma defesa da supremacia branca e do ódio racial. A bandeira dos confederados era usada durante a Guerra Civil (1861-1865) após vários estados escravistas do sul declararem sua secessão e formarem os Estados Confederados da América (chamados de “Confederação”). Manifestantes, políticos e empresas de comércio, como a Walmart, defenderam retirar esses símbolos de bandeiras estaduais, de placas de carros e de produtos como camisetas e facas.

Na segunda-feira, a governadora do estado da Carolina do Sul, Nikki Haley, pediu a remoção da bandeira da batalha dos confederados da frente da Assembleia Legislativa. Durante a Guerra da Secessão, os Estados Confederados buscaram independência para evitar a abolição da escravatura. O atirador Dylann Roof, que supostamente assassinou nove pessoas da comunidade negra em uma igreja em Charleston (Carolina do Sul), na semana passada, fazia a apologia do racismo e ostentava a bandeira confederada nas redes sociais. “Este era um símbolo do atraso, ostentado por líderes brancos da Carolina do Sul”, explicou David Goldfield, professor de História da Universidade da Carolina do Norte e autor do livro “Still Fighting the Civil War”, em entrevista para o website “ABC News”. Segundo Goldfield, os que ostentam esse emblema querem dizer que “nós vamos colocar esta bandeira na sua cara porque somos contra a mistura de raças”. Centenas de pessoas gritando “Retirem!” se reuniram ontem para exigir que a bandeira dos confederados seja removida da sede do governo da Carolina do Sul. Alguns ofereciam orações em homenagem ao senador Clementa Pinckney, o pastor da igreja atacada, que estava entre as nove vítimas do atirador racista. Ele defendia a remoção da bandeira.

Ontem, parlamentares do estado do Mississippi, no sul, anunciaram que irão propor a retirada do emblema confederado da bandeira estadual, argumentando que o símbolo faz apologia à época da escravidão. “É hora de todo o sul propagar a mensagem certa para o resto da nação”, disse o senador Kenny Jones, um dos políticos do Mississippi que defendem a retirada do emblema da bandeira. No estado da Virgínia, o governador Terry McAuliffe anunciou ontem que proibirá a presença da bandeira confederada nas placas dos automóveis. “Isso ofende muita gente”, argumentou. “Passei 17 anos trabalhando para construir uma nova economia na Virgínia, mais aberta e que acolha a todos. Tirar esse símbolo das placas é outra etapa em direção a este objetivo”, afirmou o governador. Nos anos 30, por exemplo, o emblema confederado já era tido como racista por ser o símbolo usado pelo grupo Ku Klux Klan, violento defensor da supremacia dos brancos sobre os negros nos EUA.

No Texas, o político democrata Joaquin Castro defendeu que o monumentos erguidos em homenagem a confederados sejam removidos do campus da Universidade do Texas, em Austin. A Walmart, maior loja de varejo do país, informou que todos os itens relacionados com a polêmica bandeira serão retirados das prateleiras.Produtos decorados com a bandeira incluem facas, sungas e camisetas. As empresas de comércio online Ebay e Amazon também anunciaram a suspensão de vendas das bandeiras, mesmo com a manutenção de outros produtos polêmicos , como bandeiras nazistas e facistas (no caso da Amazon). Uma das maiores empresas de confecção de bandeiras dos EUA, a Valley Forge Flag, informou que irá parar de fabricar e vender bandeiras dos confederados. Com AFP

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