Por rafael.souza

Moscou - Uma mulher suspeita de decapitar uma criança sob seus cuidados e mais tarde exibir a cabeça nas proximidades de uma estação de metrô de Moscou disse que agiu para vingar os muçulmanos mortos pela campanha de ataques aéreos do Kremlin na Síria.

Gulchekhra Bobokulova%2C que tem 38 anos e é do Uzbequistão%2C país de maioria muçulmana%2C confessou ter matado a menina de 4 anosReuters

Em um vídeo publicado na Internet nesta quinta-feira e circulado por vários blogueiros proeminentes, Gulchekhra Bobokulova, que tem 38 anos e é do Uzbequistão, país de maioria muçulmana, deu sua primeira explicação detalhada de um incidente que canais de TV estatais russos decidiram não relatar. "Eu me vinguei daqueles que derramaram sangue", disse Gulchekhra a alguém que lhe fazia perguntas sem aparecer na imagem. "Putin derramou sangue, aviões realizaram bombardeios. Por que muçulmanos estão sendo assassinados? Eles também querem viver".

A mulher segurando a cabeça da criança%2C de apenas 4 anos%2C pelas ruas de MoscouReprodução

Não ficou claro quando o vídeo foi filmado, mas Gulchekhra usava as mesmas roupas com que apareceu brevemente em um tribunal na quarta-feira.

O Kremlin iniciou uma campanha de ataques aéreos na Síria em 30 de setembro passado em apoio ao presidente sírio, Bashar al-Assad, uma intervenção que mudou o curso do conflito.

Na segunda-feira, a polícia russa teve que conter Gulchekhra e atirá-la ao chão depois de ela ser flagrada perambulando por uma rua de Moscou segurando a cabeça decepada de uma criança no alto e gritando slogans islâmicos. Ela trabalhava como babá para uma família moscovita. A criança que ela é suspeita de ter matado era uma menina de 4 anos.

Investigadores do caso que a mídia russa apelidou de "babá sangrenta" logo aventaram a hipótese de que Gulchekhra sofre de uma doença mental. Eles não mencionaram qualquer suspeita de que ela tenha cometido algum delito relacionado ao terrorismo. Na quarta-feira, ela disse a repórteres que Alá ordenou que cometesse o crime hediondo.

No mesmo vídeo, Gulchekhra disse que queria ter se mudado para a Síria, mas que não teve dinheiro para fazê-lo. Investigadores russos minimizaram as declarações dela nesta quinta-feira, sugerindo em comunicado que ela é esquizofrênica e que, nesse caso, as razões dadas geralmente diferem das reais motivações de seus atos.

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