Washington - O sobrenome do empresário Donald Trump, virtual candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, aparece ligado a 32 offshores que estão na base de dados do escândalo Panama Papers, publicada nesta semana pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ). Elas aparecem vinculadas a cinco endereços, dois no Panamá, outros dois em Seul, na Coreia do Sul e outro nos Estados Unidos.
O endereço dos EUA, número 725 da Quinta Avenida de Nova York, corresponde a Trump Tower, um dos arranha-céus mais altos de Manhattan, propriedade do candidato, usado por ele, por exemplo, para fazer o discurso da vitória nas eleições primárias do estado de Nova York visando o pleito presidencial de novembro.
No entanto, durante anos, Trump vendeu seu nome e sua imagem a grupos de investidores. Por isso, a aparição de seu nome nos Panama Papers não o vincula necessariamente com as offshores criadas pelo escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca. Os documentos da base de dados publicados no dia 9 de maio pelo ICIJ, com sede em Washington, provêm da Mossack Fonseca e incluem, no total, a quase 214 mil offshores.
Das 32 empresas ligadas ao sobrenome Trump, duas se destacam por levaram o mesmo nome do Trump Ocean Club, um hotel no Panamá que, com seus 284 metros de altura, é um dos prédios mais altos da América Latina, além de ser um dos projetos imobiliários mais icônicos do empresário. As duas offshores vinculadas ao projeto são a Trump Ocean Club 5002 Inc., inscrita no dia 20 de junho de 2006 e já dissolvida, e o Trump Ocean Club Unit 2710 Inc., criada no dia 7 de maio de 2007 e também já inativa.
O sobrenome do empresário também aparece ligado a companhias criadas nas Ilhas Virgens Britânicas, Panamá, Samoa e Ilhas Seychelles. Em mensagem exibida ao entrar na base de dados, o ICIJ alerta que as offshores têm "usos legítimos" e destaca que não pretende inferir que as pessoas ou companhias que aparecem nos documentos tenham descumprido a lei.
No total, o escândalo dos Panama Papers envolve o vazamento de mais de 11,5 milhões de documentos do Mossack Fonseca, especializado na gestão de capitais em paraísos fiscais, e afeta mais de 140 políticos e funcionários de alto escalão de governos de todo mundo, entre eles vários chefes ou ex-chefes de Estado e de governo.