Cannes (França) - Um fato surpreendente chamou a atenção nesta terça-feira em Cannes. Pouco antes da sessão de gala do filme brasileiro “Aquarius”, que está concorrendo à Palma de Ouro da 69ª edição do festival, a equipe do longa-metragem fez um protesto contra o presidente em exercício Michel Temer e a situação política do Brasil.
Durante a passagem pelo tapete vermelho, a equipe do filme, que é dirigida pelo pernambucano Kleber Mendonça Filho, parou no toldo da escadaria que leva à entrada do Théàtre Lumière, e abriram vários cartazes com frases em francês e inglês contra o governo interino de Temer.
“O mundo não pode aceitar a ilegalidade desse governo”, “Um golpe aconteceu no Brasil”, “54.501.118 de votos foram queimados!”, “Chovinistas, racistas e trambiqueiros como ministros”, “Nós resistiremos!”, “O Brasil não é mais uma democracia”, diziam os cartazes que os participantes do longa-metragem abriram para fotógrafos e cinegrafistas do mundo todo. Dentro da imensa sala de projeção, com 2.300 lugares, já lotada, para onde a monter des marches é transmitida, dezenas de brasileiros reagiram batendo palmas. Um deles chegou a gritar: “Fora, Temer!”.
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— Festival de Cannes (@Festival_Cannes) 17 de maio de 2016
O Festival de Cannes tem sido palco de vários protestos contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff. No dia anterior, o diretor Erik Rocha, filho do cineasta Glauber Rocha (1939-1981), aproveitou a abertura da projeção de seu novo filme, o documentário “Cinema Novo”, exibido na mostra Cannes Classics, para denunciar aquilo que ele classificou como “um outro momento de ruptura na democracia brasileira”.
"Aquarius" é protagonizado por Sonia Braga como uma crítica de música aposentada que trava uma disputa contra um empresário que quer demolir seu prédio, último de seu estilo em Boa Viagem, no Recife, para construir um novo empreendimento.
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