Por tabata.uchoa

Rio - A dona de casa Macarena de Paula Escalante, de 35 anos, teve de se reinventar com a crise. Dispensou a empregada e se dedicou a aprender a cozinhar com mais afinco. Além disso, cortou da lista alimentos que eram comprados com frequência, como o filé mignon. “Agora eu compro fraldinha, lagarto e vou procurando pelo melhor preço”, explica Macarena, que também abdicou do peixe e de geleias. Entre os produtos que mais pesaram no bolso, segundo ela, estão ainda o feijão e o tomate.

A inflação alta causa desespero, mas pode ser driblada com opções saudáveis. Existem alimentos ricos em nutrientes capazes de substituir alguns desses pilares da gastronomia brasileira, como feijão, arroz, tomate e milho. Uma boa conservação de produtos e o cultivo caseiro também podem ajudar na economia.

Em cozinha%2C menos é mais%3A personal cooking Marcela Quaresma dá dicas de como trocar alimentos caros por opções mais baratas e saudáveisMárcio Mercante / Agência O Dia

Para substituir o feijão, a personal cooking Marcela Quaresma recomenda outros grãos ricos em fibra, como lentilha e ervilha, que possibilitam uma variedade enorme de receitas. Inhame, aveia, amaranto, gergelim e grão de bico são outros alimentos com alta quantidade de fibras. 

O milho, que também aumentou, pode ter seu carboidrato em grão substituído por derivados da mandioca. A tapioca, queridinha dos brasileiros nos últimos tempos, é uma boa pedida. Milho e soja em alta influenciam no aumento do preço da carne. Para substituir as proteínas, a personal cooking destaca legumes como a berinjela e outros produtos naturais, como palmito e abobrinha, além de vegetais escuros como couve, espinafre, escarola e brócolis. “O mais importante é não ser nada industrializado, que é caro, monopoliza o gosto e não faz bem”, aposta.

A nutricionista Milene Tiellet, da Alimentar, comenta que muitas pessoas têm dificuldade de mudar hábitos alimentares e de variar alimentos. “Vejo essa situação de crise e alta dos preços de alimentos tradicionais do cardápio brasileiro como uma oportunidade de sair dessa monotonia, de experimentar novas receitas com alimentos mais em conta, porém, com o mesmo valor nutricional”, opina.

Para os vegetais, a substituição pode ser feita de acordo com a cor do alimento. No caso do tomate, a cor vermelha indica que é fonte de carotenoides que auxiliam na saúde dos olhos e pele, além de atuar na prevenção de câncer. “Assim como outros alimentos vermelhos: acerola, cereja, maçã, melancia, morango, pimenta e ainda os de cor laranja, como abóbora, cenoura, mamão, tangerina”, enumera.

Além de economizar nos produtos, a personal cooking dá mais duas dicas para quem quer gastar menos: preservar bem os alimentos e plantar em casa o que for viável. Manjericão, por exemplo, pode ser cultivado com facilidade em qualquer janela de apartamento. “Um pesto de manjericão e rúcula pode substituir bem o molho de tomate”, comenta Marcela. O importante é saber aproveitar ao máximo cada alimento.

“O brasileiro tem mania de encher o prato com vários produtos do mesmo nutriente. Seu organismo não vai absorver isso tudo. Em cozinha, menos é mais”, completa. 

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