Por clarissa.sardenberg

Austrália - A Polícia do estado de Nova Gales do Sul, sudeste da Austrália, pagou a defesa milionária de quatro agentes envolvidos na morte do estudante brasileiro Roberto Curti, informam nesta sexta-feira os meios de comunicação locais.

Curti, de 21 anos, morreu em março de 2012 após receber 14 descargas elétricas ao ser rendido por um grupo de policiais pouco após uma denúncia pelo roubo de dois pacotes de bolachas em uma loja no centro de Sydney.

Segundo a investigação posterior, o estudante tinha sofrido um episódio psicótico e corria pelo centro da cidade sob os efeitos do LSD.

Brasileiro Roberto Curti%2C de 21 anos%2C foi morto após ser atingido por disparos de taser durante perseguição em Sydney%2C na Austrália%2C em março de 2012Reprodução Facebook

Em dezembro do 2014, um tribunal australiano decidiu que o agente Damian John Ralph era culpado da morte do jovem, embora tenha optado por deixá-lo em liberdade vigiada mediante pagamento de fiança, enquanto absolveu os outros três policiais envolvidos, Eric Lim, Scott Edmondson e Daniel Barling.

Os documentos, publicados sob as leis de Liberdade de Informação, mostram que as autoridades gastaram 1,2 milhão de dólares australianos (mais de US$ 910 mil) para defender os quatro acusados durante o processo judicial, segundo o canal "ABC".

Em entrevista à fonte, a família do morto condenou desde o Brasil o uso do dinheiro dos contribuintes para pagar a fatura legal.

"Qual foi o benefício para o povo do estado por esta despesa? Os cidadãos devem estar muito preocupados sobre como a polícia gasta seu dinheiro", declarou desde São Paulo um tio do jovem morto, Domingos Laudisio.

O parente também afirmou que apesar do processo judicial, não aconteceu "nada" com os agentes.

"Desde minha perspectiva as coisas não foram transparentes com os policiais", sentenciou Laudisio ao pedir que um órgão independente investigue as denúncias de "má conduta" contra os uniformizados.

O parlamentar do Partido Verde David Shoebridge pediu ao governo que inicie uma auditoria das contas da Polícia e estude a criação de um corpo que "supervisione a conduta" dos oficiais.

Um relatório legista sobre a morte de Curti determinou em novembro de 2012 que os agentes atuaram de forma brutal, imprudente e perigosa ao deter o jovem utilizando pistolas elétricas taser e gás de pimenta.

As pistolas elétricas, que causam descargas elétricas de 400 volts, são utilizadas pelas forças de segurança em países como Austrália, Reino Unido e Estados Unidos para render o agressor em situações que não justificam o uso de armas de fogo.

No entanto, organizações como a Anistia Internacional denunciam que as taser já causaram dezenas de mortes e além disso podem ser utilizadas para torturar detidos.

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