Por clarissa.sardenberg
Rio - A notícia de que a febre amarela está de volta e já causou 34 mortes neste início de ano em Minas Gerais tem assustado muita gente e provocado uma correria a postos de vacinação. Somente neste mês, 12 mil doses já foram aplicadas no Rio de Janeiro, quando a demanda normal é de 5 mil doses por mês. Em dezembro foram aplicadas 4.117. Para a Secretaria Municipal de Saúde, trata-se de uma “corrida desnecessária”.

“Só devem ser vacinadas as pessoas que tenham passado por avaliação e tenham indicação médica para receber a vacina, assim como as pessoas que estão com viagem agendada para locais com registros da doença, como Minas Gerais, Amazonas, Pantanal e outros países como Colômbia, Bolívia, Equador e Peru”, esclarece, em nota.

Aedes aegypti não transmite a febre amarela silvestre%2C tipo da doença que já matou 34 pessoas em MinasDivulgação/ Mariana Ramos

O Ministério da Saúde recomenda apenas uma dose da vacina e um reforço dez anos mais tarde. A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, esclarece que a estratégia de duas doses é segura e garante proteção durante toda a vida. “A população que não vive na área de recomendação ou não vai se dirigir a essas áreas não precisa buscar a vacinação neste momento”, ressalta.

Por precaução, o Ministério determinou a vacinação de moradores de 14 municípios das regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio, situados próximo da divisa com Minas, onde foram notificados 206 casos de febre amarela silvestre até quinta-feira, com 34 confirmados, sendo 23 mortes. Na cidade do Rio, no entanto, a prefeitura descartou a necessidade de uma vacinação em massa.
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“O Aedes aegypti, presente no Rio, não é o transmissor da febre amarela silvestre, que tem acometido moradores de cidades mineiras”, esclarece a Secretaria. Este tipo da doença é transmitido pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios, como ocorre em Minas.
“Esses vetores ocorrem nas áreas florestais, habitats de determinados tipos de primatas, que são os hospedeiros do vírus. Não há a presença dos mosquitos Haemagogus e Sabethes em cidades litorâneas, como o Rio”, destaca. Já a febre amarela urbana, provocada pelo vírus transmitido pelo Aedes, não é registrada desde 1942 no Brasil.