Seul - Dezenas de milhares de pessoas ocuparam um boulevard no centro de Seul neste sábado para comemorar a saída da presidente Park Geun-hye, após o Tribunal Constitucional do país destituí-la do cargo definitivamente na sexta-feira. Enquanto isso, numa praça nos arredores, um grande grupo de apoiadores de Park agitava bandeiras nacionais, perto de um palco onde os organizadores prometiam resistir ao que chamavam de "assassinato político".
A polícia neste sábado estava preparada para atos de violência entre os dois grupos, após três pessoas morrerem e dezenas ficarem feridas em confrontos entre a polícia e apoiadores de Park na sexta-feira. Cerca de 20 mil policiais foram mobilizados para monitorar os manifestantes, que também foram separados por perímetros formados por centenas de ônibus da polícia.
Os opositores gritavam "Prendam Park Geun-hye!" enquanto marchavam em direção à Casa Azul, sede da Presidência, que Park continuava ocupando um dia após a sua destituição. Segundo a Casa Azul, Park precisa de mais tempo para deixar a sede, enquanto seus assessores preparam a volta da ex-presidente para sua residência particular, no sul da capital. Park ainda não fez um pronunciamento sobre sua destituição.
A decisão do Tribunal Constitucional permite que Park seja acusada criminalmente e a torna a primeira líder eleita democraticamente na Coreia do Sul a ser destituída do cargo.
O país deve realizar eleições dentro de dois meses para escolher o sucessor de Park. O liberal Moon Jae-in, que perdeu a eleição para Park em 2012, lidera com folga as pesquisas de intenção de voto.
O Tribunal Constitucional acusou Park de se unir a Choi Soon-sil, uma antiga confidente, para extorquir milhões de dólares de empresas, e de deixar Choi, uma cidadã comum, interferir em assuntos de Estado e ter acesso a documentos com informações secretas. O escândalo já resultou na prisão e indiciamento de importantes figuras, como Choi e o vice-presidente e herdeiro da Samsung, Lee Jae-Yong.
O advogado de Park, Seo Seok-gu, que já chegou a comparar seu impeachment à crucificação de Jesus Cristo, disse que o veredicto foi uma "decisão trágica" tomada sob pressão popular. Alguns apoiadores de Park reagiram violentamente à decisão, gritando e golpeando policiais e repórteres com mastros de bandeira de plástico e escadas de aço, e subindo em ônibus da polícia. Três pessoas morreram durante os protestos contra o impeachment de Park.