Washington - A decisão de Nicolás Maduro de retirar a Venezuela da Organização dos Estados Americanos (OEA), crítica mordaz do regime bolivariano, abriu uma crise no continente — e até Donald Trump entrou no imbróglio. “A Venezuela é um desastre!”, repetiu o presidente americano, diante do colega argentino, Mauricio Macri, que o visitava na Casa Branca. “Estou muito triste pelo que acontece lá”, emendou Trump.
Para Maduro, porém, foi “um passo gigante para romper com o intervencionismo imperial”. O processo de retirada vem depois que a OEA decidiu convocar uma reunião de chanceleres sobre a crise política venezuelana.
A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, avisou que seu país não participará de “nenhuma atividade ou de nenhum evento onde se pretenda posicionar o intervencionismo e a ingerência deste grupo de países que só buscam perturbar a estabilidade e a paz”. Parceiro de Caracas, o presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou o secretário-geral Luis Almagro de destroçar o organismo por ser “submisso ao império norte-americano”.
Saída iria demorar
Mas os Estados Unidos advertiram nesta quinta que a decisão final sobre a saída será do sucessor de Nicolás Maduro. “Essa decisão não tem efeito real imediato ou prático, porque deixar a OEA pode levar até dois anos”, alertou o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Mark Toner.
“Isso se estenderia até depois do mandato do presidente Maduro, e a decisão só poderia ser definitiva se for apoiada por seu sucessor”, acrescentou Toner, em referência às eleições presidenciais previstas para 2018 na Venezuela.
Pivô da crise política, o Parlamento da Venezuela, onde a oposição é maioria, aprovou ontem manifesto pedindo à comunidade internacional que exija a realização de eleições presidenciais antecipadas no país ainda este ano, além de um cronograma para o pleito de governadores.