Curitiba - O interrogatório do empresário Marcelo Odebrecht nesta segunda-feira, por supostas contribuições irregulares à campanha de Ollanta Humala para as eleições presidenciais de 2011 no Peru foi muito satisfatório, afirmou o procurador peruano Germán Juárez ao jornal Correo, de Lima. A informação é da Agência EFE.
Em entrevista à publicação, Juárez afirmou que o interrogatório foi "muito satisfatório, não somente para o Ministério Público peruano, como para todas as partes". Estiveram presentes ao depoimento os advogados de Humala e da ex-primeira-dama Nadine Heredia, Julio Espinoza e Wilfredo Pedraza, respectivamente.
Juárez disse que não podia revelar o conteúdo das respostas de Odebrecht porque o processo é reservado, mas ressaltou que "cumpriu todas as garantias que deve reunir um processo".
Segundo o Correo, Odebrecht ratificou, no interrogatório, ter dado US$ 3 milhões (R$ 9,2 milhões) para a campanha presidencial de Humala. Ele e a esposa, como principais dirigentes do Partido Nacionalista, são alvo de um inquérito no Peru pelo crime de lavagem de dinheiro.
Jorge Barata, ex-diretor da Odebrecht no Peru, declarou ao procurador peruano que investiga os desdobramentos da Lava Jato em Lima Hamilton Castro que deu o dinheiro, efetivamente, a Heredia, mas que essa contribuição não estava condicionada a uma troca de favores.
Durante o mandato de Humala, a Odebrecht ganhou a concessão, junto com a espanhola Enagás e a peruana Graña y Montero, da construção do Gasoduto Sul Peruano, uma obra de US$ 7 bilhões. O contrato foi anulado pelo governo do Peru após conhecer os casos de corrupção ligados à Lava Jato.
O advogado Wilfredo Pedraza, entrevistado por vários veículos de imprensa, negou que as declarações de Odebrecht compliquem a situação de Humala e sua esposa, e afirmou que, como defensor, se considerou "satisfeito" com o interrogatório. Seu colega Julio Espinoza disse que "não há razão para que o senhor (Jorge) Barata, que tem a mesma condição, esteja sendo processado no Peru, e o senhor (Marcelo) Odebrecht não".
Para Espinoza, também "deveria ser processado no Peru o senhor (Marcelo) Odebrecht".