Rio - Os bombeiros prosseguem nesta quinta-feira com a busca de corpos no prédio destruído na véspera por um incêndio, que deixou 17 mortos, segundo novo balanço. "Infelizmente, posso confirmar que o número de mortos é de 17", afirmou o comandante da polícia de Stuart Cundy em declaração à imprensa.
As autoridades acreditam que o balanço de mortos aumentará à medida que os bombeiros avançarem dentro da estrutura calcinada. Trinta e sete pessoas continuam hospitalizadas, 17 delas em estado grave, e já não se esperar encontrar sobreviventes.
As causas do incêndio, que teve início na noite de terça-feira, são desconhecidas, mas os moradores já criticavam a má gestão da empresa que administrava o prédio.
"Quase 90% dos residentes assinaram no fim de 2015 uma petição que reclamava da má gestão da empresa responsável pela manutenção do edifício. O administrador me ameaçou pessoalmente", disse David Collins, presidente da associação de moradores da torre até outubro do ano passado.
"Escutei que alguns alarmes de incêndio não funcionaram, não me surpreende. Estou consternado, mortificado, mas não surpreso", completou à AFP.
David Collins também apontou a responsabilidade do governo do bairro de Kensington e Chelsea.
"Informamos nossas preocupações e pedimos uma investigação independente, mas não nos ouviram", lamentou.
De acordo com documentos divulgados na internet, alguns moradores reclamaram em várias ocasiões nos últimos anos do estado do edifício e dos possíveis riscos de incêndio.
"Ninguém quis levar em consideração nossas advertências, uma catástrofe como esta era inevitável", publicou em seu blog o Grupo de Ação de Grenfgell após a tragédia.
De acordo com vários moradores, os trabalhos de reforma do ano passado podem ter favorecido a propagação do fogo, extremamente rápida.
O organismo público KCTMO (Kensington & Chelsea Tennant Management Organisation), que administra o prédio, reconheceu em um comunicado "estar ciente das preocupações de longa data dos moradores". "É cedo para especuliar as causas do incêndio", acrescenta.
Uma reforma, no valor de 8,6 milhões de libras (12 milhões de dólares), terminou em maio de 2016. A empresa Rydon, encarregada da obra, assegurou que a reforma "respondeu a todas as exigências em questão de normas de incêndio, de segurança e de construção".
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, declarou que os testemunhos provocam "perguntas que aguardam respostas", enquanto o líder da oposição trabalhista Jeremy Corbyn estimou que as medidas de austeridade do governo conservador tinham sua parcela de culpa: "Se você retira das autoridades locais os financiamentos que necessita, este é o preço a pagar".
Um porta-voz de Downing Street declarou que May estava "profundamente entristecida com a trágica perda de vidas na torre Grenfell".