Por rodrigo.sampaio

Portugal - Os portugueses se questionam sobre o que realmente provocou o incêndio mortal do fim de semana, contra o qual milhares de bombeiros ainda lutam, o que provoca dúvidas sobre a gestão das florestas e estradas do país.

"As chamas ao redor de Pedrógão Grande, no centro do país, devem ser controladas nas próximas horas", afirmou Vitor Vaz Pinto, diretor da Defesa Civil, graças ao trabalho de 1.150 bombeiros, que contam com o apoio de quase 400 veículos.

Incêndio em floresta de Portugal já matou 63 pessoas e deixou mais de 150 feridasAFP

As colunas de fumaça são observadas nas colinas próximas e alguns focos de incêndio ainda estão ativos. Os aviões de combate a incêndios prosseguem com sua missão, depois de pegar água em um lago próximo à localidade de Pedrógão Pequeno. Ao todo, onze aviões foram enviados por países vizinhos. Em todo o país, quase 2.000 bombeiros estão mobilizados em 80 frentes.

O balanço do incêndio, declarado no sábado, permanece em 63 mortos. Mas o número de feridos foi revisado em alta, a 157, com sete pessoas em estado grave, incluindo uma criança.

Nos vilarejos das zonas rurais, a luta contra as chamas prossegue, mas as críticas começaram a surgir de todos os lados. O padre José Gomes, de Figueiró dos Vinhos, disse que os moradores não receberam apoio dos bombeiros. "Há um ambiente de revolta contra os serviços de socorro (...) Às vezes nem água (têm)", afirmou.

Alguns também questionam se as estradas foram bloqueadas de modo suficientemente rápido no sábado. Um total de 47 vítimas morreram na via nacional 236, 30 delas cercadas pelo fogo. De acordo com as autoridades locais, em sua maioria eram famílias que pretendiam passar a tarde em uma praia da região.

Repercussão

Na imprensa portuguesa, ao lado de relatos e fotos das vítimas, também há espaço para a polêmica. Veículos locais noticiam a falta de plano do governo português para agir em caso de incêndios florestais. 

O jornal "Público" recorda que o plano de luta contra as chamas deve ser atualizado a cada dois anos, mas que recentemente a questão dos incêndios florestais "não foi considerada urgente" pelo Parlamento.

Já o "Jornal de Notícias" destaca o problema das antenas de comunicação do serviços de emergência, que parecem ter sido danificadas pelo calor do incêndio, o que teria atrasado o trabalho dos bombeiros.

As chamas já consumiram quase 26.000 hectares de floresta, de acordo com o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais.

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