Por thiago.antunes

Catalunha - Quase às vésperas do referendo proibido pela Justiça espanhola, dirigentes separatistas da Catalunha explicaram nesta sexta como será realizada a votação de amanhã diante do aparato policial e judicial. Após cinco anos pedindo a consulta sobre a independência dessa região de 7,5 milhões de habitantes, reiteradamente rejeitada pelo governo espanhol de Mariano Rajoy, o presidente catalão, Carles Puigdemont, decidiu levá-la adiante, desobedecendo as proibições judiciais.

A consulta permanece cercada de incertezas. Grande quantidade de material eleitoral foi apreendida; departamentos-chave para sua organização estão sendo controlados de perto pela polícia; o órgão de supervisão eleitoral teve de ser dissolvido, e a Justiça mandou fechar seções.

O organismo criado para supervisionar o sufrágio foi dissolvido quando seus membros receberam multas diárias de 12.000 euros por desobedecer o Tribunal Constitucional, e o departamento governamental encarregado de contar os votos foi revistado na semana anterior pela polícia.

Na última pesquisa do governo regional, em julho, 41,1% dos entrevistados queriam a independência contra 49,4% que eram contrários.

"Prefiro ficar com o que já conheço do que com o que está por vir, porque pode ser muito bom, ou muito ruim", justificou a fisioterapeuta Lorena Torrecillas, de 27 anos, de Barcelona, ainda indecisa.

Futebol e política

O FC Barcelona, estandarte histórico do catalanismo, ocupou seu próprio espaço no debate sobre independência dos últimos meses, posicionando-se a favor da realização do referendo.

Em 20 de setembro, em reação à detenção de 14 altos funcionários do governo regional envolvidos com a consulta de amanhã, o clube emitiu comunicado em defesa "do país, da democracia, da liberdade de expressão e do direito de decidir".

O clube é um viveiro esportivo e nacionalista. A ameaça do presidente da Liga espanhola de excluir o Barça do campeonato caso a Catalunha consiga a independência, tem efeito contraproducente. Ao invés das pessoas se acalmarem, elas se exaltam. "A ideia de que existe uma perseguição do Barcelona pela via jurídica, pela via econômica, etc, é uma opinião bastante comum", avalia o historiador Jordi Casassas.

Hoje estrelas formadas na base do time como Xavi, Andrés Iniesta e Pep Guardiola são uma voz ressonante na campanha pela independência da região.

 

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