Las Vegas - Stephen Craig Paddock, o americano que matou dezenas de pessoas em Las Vegas no último domingo, era um um contador público aposentado de 64 anos. Seu pai esteve na lista dos mais procurados por roubo a bancos nos anos 1960, mas ele não tinha antecedentes criminais, histórico de doenças neurológicas, ou especial paixão por armas, assegurou a sua família.
Segundo informações da polícia, no dia do ataque, ele se instalou em um quarto do 32º andar do Hotel Cassino Mandalay Bay, no centro de Las Vegas, e disparou vários tiros contra uma multidão que assistia a um festival de música country a céu aberto e logo depois cometeu suicídio. Pelo menos 59 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas no que se considera o tiroteio mais mortal da história dos Estados Unidos.
As autoridades ainda informaram que Paddock dispunha no hotel de um arsenal de ao menos 20 rifles e centenas de cartuchos de munição e que deveria pesar 45 Kg distribuídos em 10 malas, além de outras 19 armas de fogo, explosivos e mais munição encontradas na casa do atirador, a cerca de 120 Km de Las Vegas.
O presidente e fundador da Tactical Systems Network, uma consultoria em segurança com sede no Texas, Tegan Broadwate, disse que "a ironia é que a segurança em Las Vegas é realmente muito boa, mas uma mente um pouco criativa e a vontade de fazer algo em um país livre geram coisas como essa". Segundo seu depoimento, certamente foi muito simples para Paddock levar até seu quarto o arsenal. "Os hotéis normalmente não vetam nenhum tipo de bagagem. Normalmente você aperta os botões, carrega as malas e leva para o seu quarto", completou.
Para o especialista é muito pouco provável que seja implementada qualquer mudança para aumentar radicalmente a segurança nos hotéis de Las vegas. Isso porque a capital mundial do jogo atrai 43 milhões de visitantes por ano, e um sistema de revista de bagagens nos hotéis e instalação de detectores de metais poderiam ter um impacto no turismo na região, que gerou quase 600 bilhões de dólares em 2016.
Para o vice presidente da Pinkerton, uma empresa de serviços de risco, Jason Porter, "os hotéis e cassinos têm que encontrar um balanço para ter um local seguro e agradável", e ainda alega que “acontecem muitas despedidas de solteiro e as pessoas carregam maconha, ou álcool e que não querem enfrentar isso. Seria um pesadelo para os hotéis, então preferem não fazer. “
Até o momento, as motivações para cometer tal massacre são um mistério para o FBI e mais ainda para os seus familiares, que não saem do estado de choque.
Nenhuma ligação terrorista
Amaq, o órgão de propaganda do grupo Estado Islâmico (EI), disse nesta segunda-feira que Paddock era "um soldado do EI" que se "converteu ao Islã há alguns meses".
"O autor do ataque em Las Vegas é um soldado do Estado Islâmico. Realizou a operação em resposta" aos pedidos para atacar os países envolvidos na luta contra o Estado Islâmico, disse o Amaq, sem basear a sua afirmação.
Muito rapidamente o FBI descartou um vínculo desse tipo. "Não determinamos até agora nenhuma conexão com um grupo terrorista internacional", disse o agente Aaron Rouse em coletiva.
Segundo a polícia, Paddock não tinha antecedentes criminais nem registro de prisão, tinha uma licença de piloto e possuía permissão para caça de animais de grande porte, válida para o território do Alasca.
Inicialmente a sua companheira foi procurada pela polícia, mas mais tarde disse que não acreditavam que estivesse envolvida e, inclusive, os seus familiares disseram não ter ideia do que aconteceu com o atirador, que parecia ser uma pessoa normal e pacata.
Em entrevista à CBS News, o irmão de Paddock, Eric, disse que ele não tinha antecedentes militares, e era um cara normal, que não tinha afiliação política ou religiosa, tampouco era um cara com com gosto por armas, e que por isso, não fazia ideia de onde ele poderia ter conseguido as armas automáticas e não entende sua motivação. "Era apenas um cara normal. Algo se rompeu nele, algo aconteceu", afirmou.
Trump diz que pretende discutir leis sobre armas nos EUA após massacre
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu a entender nesta terça-feira que pretende debater a legislação sobre controle de armas do país.
"Nós falaremos sobre leis de armas com o passar do tempo", comentou Trump a repórteres, sem entrar em detalhes, segundo o site Politico.
Antes de seguir para Porto Rico onde visitará vítimas das enchentes recentes na região, Trump afirmou que o que ocorreu em Las Vegas foi "de muitas maneiras um milagre" e elogiou o trabalho "incrível" da polícia para conter o homem apontado como autor do ataque, Stephen Paddock. O presidentes americano qualificou Paddock como "um indivíduo muito doente". "Ele era um homem doente, um homem demente. Muitos problemas, eu suponho", Trump comentou. "E estamos analisando ele muito, muito seriamente, mas estamos lidando com um indivíduo muito doente."
Na segunda-feira, a Casa Branca não quis responder questões sobre controle de armas. A porta-voz Sarah Huckabee Sanders, afirmou que "hoje não é o dia" para tratar do tema.
Com informações da AFP e Estadão Conteúdo