Por lucas.cardoso

Washington - O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira que não certificará o acordo nuclear com o Irã, ao afirmar que Teerã é "o principal patrocinador do terrorismo no mundo" e que não respeita "o espírito" do pacto.

Trump denunciou o comportamento da "ditadura iraniana" no Oriente Médio e advertiu que a qualquer momento pode abandonar o acordo, assinado em 2015, que considera "um dos piores" da história dos Estados Unidos.

Apesar de não certificá-lo, o líder não abandonará o acordo, como tinha prometido durante a campanha eleitoral, informou mais cedo o secretário de Estado americano, Rex Tillerson.

O acordo foi alcançado em julho de 2015 entre Teerã e os governos de Washington, Moscou, Pequim, Paris, Londres e Berlim.  A mudança nesta emblemática conquista de seu predecessor Barack Obama se anuncia como uma das decisões mais controversas de Trump, nove meses depois dele assumir o cargo. "Ele acha que o acordo é fraco e não responde a várias questões importantes", acrescentou o chefe da diplomacia americana antes do discurso do presidente.

Tillerson acrescentou que Trump não pediria, no entanto, ao Congresso que "reimponha" sanções contra o Irã que acabem, na prática, com o marco de referência do pacto nuclear.

O que fará será emitir sanções particulares para afetar "as estruturas financeiras e certos indivíduos" relacionados com os Guardiões da Revolução, o Exército de elite iraniano, disse Tillerson.

Ainda que os Estados Unidos não abandonem o acordo, Trump poderia abrir um período de grande incerteza ao se negar a "certificar" que Teerã cumpre seus compromissos, como diz a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

O acordo busca garantir o caráter exclusivamente civil do programa nuclear iraniano e AIEA confirmou até agora o cumprimento de Teerã, de modo que, se não o certificar, Trump estará desvalorizando esse organismo do sistema das Nações Unidas, em outro golpe ao multilateralismo após anunciar, na quinta-feira, sua retirada da Unesco.

"Nossa intenção é ficar no JCPOA (siglas do acordo), mas o presidente não o certificará", disse Tillerson, que também assegurou que Trump não pedirá ao Congresso que "reimponha" sanções a Teerã porque isso seria dizer que "estamos nos afastando do acordo". 

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