Por rodrigo.sampaio

Mar del Plata - Nem ruídos nem chamadas. Não há pistas do submarino argentino no Atlântico Sul, cinco dias depois de ter sido declarado perdido com 44 tripulantes e apesar dos esforços do operativo internacional de busca, no qual participam sete países.

Pessoas deixaram mensagens de apoio para familiares de tripulantes desaparecidosAFP

Análises descartaram que os ruídos detectados nesta segunda-feira a 200 metros de profundidade e 360 km da costa correspondam a um pedido de ajuda do submarino, como se pensou em um primeiro momento, acendendo uma luz de esperança.

No sábado também caiu por terra a pista de sete tentativas de chamadas de satélite, que depois se comprovou que não correspondiam ao "ARA San Juan", o submarino que parece ter sido engolido pelo mar depois de ter se comunicado pela última vez na quarta-feira, após reportar uma avaria de baterias.

"A análise da assinatura acústica não corresponde a algo batendo contra um casco" de submarino, disse o porta-voz da Armada, Enrique Balbi. Segundo os estudos, se tratou de um "ruído biológico".

O porta-voz anunciou que navios oceanográficos argentinos com sonda de varredura do leito marinho irão, de todos os modos, ao ponto onde se detectou o som "para que não haja dúvidas e para descartar esse ruído".

"A busca continua", disse Balbi, detalhando que 14 embarcações e 10 aeronaves participam do rastreamento permanente da zona, apesar da tempestade que agita o mar desde quinta-feira.

A pista do 'ruído' tinha enchido de esperança os quase cem familiares que aguardam notícias na base naval de Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires, aonde o submarino deveria ter subido no domingo.

Sem rastros

O "ARA San Juan" navegava entre o porto de Ushuaia e o Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires, quando perdeu qualquer contato, na quinta-feira. 

Um dia antes, tinha reportado uma avaria nas baterias, e por isso "o comando da força disse que mudasse de rota e fosse para Mar del Plata", afirmou em coletiva de imprensa Gabriel Galeazzi, chefe da base naval dessa cidade.

Presidente argentino se reuniu com equipes de resgate em Mar Del Plata%2C na ArgentinaAFP

No entanto, "não podemos associar a avaria com a emergência", porque o comandante do submarino comunicou depois por satélite que "estavam sem novidades pessoais e que continuavam navegando em imersão". 

Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Brasil, Chile e Uruguai forneceram logística e equipamentos sofisticados para ajudar na missão de resgate no Atlântico Sul.

Não se sabe qual é a magnitude da avaria, nem se esta afetou a capacidade do submarino de propulsão ou de emergir.

O "ARA San Juan" tem capacidade de oxigênio para sua tripulação de sete dias e sete noites sem subir à superfície. "Isto é assim, mas não sabemos se não pode sair à superfície", disse Balbi, ao descartar fazer conjeturas a respeito. 

Angústia

A angústia cresce entre os familiares dos tripulantes, que esperam notícias na base naval de Mar del Plata, centro das operações de busca e resgate. O presidente argentino, Mauricio Macri, que está desde sexta-feira em uma residência de descanso 25 km ao sul de Mar del Plata, compareceu no início da tarde desta segunda-feira à base e se reuniu com os familiares por meia hora.

Na tarde desta segunda-feira, em frente à grade do prédio militar, repleta de cartazes com mensagens de solidariedade, várias pessoas se abraçavam em uma rede de oração.

"Estão em situação estável dentro da incerteza", explicou à AFP Enrique Stein, da equipe de psicólogos que assiste os familiares. "Tivemos poucas situações de crise, de choro e coisas assim", disse, embora tenha admitido que "a angústia cresce" conforme os familiares seguem sem notícia. 

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