Por caio.belandi
Rio - Ex-diretores da montadora Ford na Argentina começaram a ser julgados nesta terça-feira por permitir o sequestro de 24 funcionários de uma fábrica da empresa em Buenos Aires, durante a ditadura militar no páis, entre 1976 e 1983.
Cartaz contra a Ford lembra a possível participação da empresa no sequestro de funcionários da fábrica em Buenos Aires%2C duranteEitan Abramovich/AFP

Trata-se de um julgamento emblemático por abordar a cumplicidade do âmbito empresarial nos crimes da ditadura argentina, e que condenou centenas de militares, policiais e civis. No Brasil, por exemplo, a Volkswagen já admitiu que mantinha laços próximos com a ditadura militar no país, entre 1964 e 1985.

As vítimas eram operários da fábrica da Ford localizada em Pacheco, um subúrbio ao norte de Buenos Aires, alguns deles líderes sindicais. Os funcionários foram presos por forças militares enquanto faziam seu trabalho dentro da fábrica entre 24 de março de 1976, data do golpe e agosto do mesmo ano. Eles descansavam na fábrica quando foram sequestrados, apanharam e foram torturadas por 12 horas, segundo testemunhas do caso. Depois, teriam sido levados a delegacias e, mais tarde, alojados em prisões à disposição do governo militar.

Os acusados são o ex-gerente de Manufatura da Ford Pedro Müller, o ex-chefe de Segurança da fábrica em, Héctor Francisco Sibilla, e o ex-chefe do Corpo IV do Exército, Santiago Omar Riveros. O presidente da empresa na época, Nicolás Enrique Courard, e o gerente de Relações Trabalhistas, Guillermo Galarraga, já faleceram.
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Os acusados estão presentes na primeira audiência, realizada em um tribunal federal de San Martín, na periferia norte da capital argentina, e o processo deve durar meses.