No mercado de segurança da informação, o tradicional jogo de gato e rato sempre esteve restrito às empresas de proteção e aos hackers. Com a evolução do cibercrime e a escalada dos incidentes, novos atores estão dispostos a participar dessa eterna batalha. A Telefônica Vivo é um exemplo dessa corrente. Além do novo cenário de ameaças, o investimento nessa vertente é resultado direto da estratégia global para impulsionar a oferta de serviços digitais, iniciada há pouco mais de três anos, com a criação da Telefónica Digital.
"Começamos a construir nosso portfólio de segurança há alguns anos. Mais recentemente, com o ganho de relevância desse tema e a visão dos serviços digitais, decidimos levar essa abordagem de forma estruturada para empresas e consumidores", diz Roberto Piazza, diretor de Serviços Digitais da Telefônica Vivo.
O portfólio da Telefônica Vivo em segurança inclui diversas áreas. No plano corporativo, uma das principais pontas é a oferta de serviços gerenciados de segurança, o que inclui desde o fornecimento básico de proteção até a gestão de todo o ambiente dos clientes. Esses serviços são prestados remotamente, a partir de quatro centros globais, instalados em São Paulo, Lima, Madri e Miami. Essas unidades operam de forma integrada. Se, por exemplo, um ataque gerado na Europa tem como destino um alvo no Brasil, é possível bloquear essa ameaça a partir do centro na Espanha. Para apoiar essa estrutura global, a operadora está investindo na criação de centros de menor porte na Argentina, na Colômbia e no Chile.
Para os consumidores, a oferta da Telefônica Vivo está concentrada em um portal de segurança. Pelo site, os usuários podem adquirir pacotes mensais de proteção para PCs e dispositivos móveis. Além de softwares de antivírus, o portfólio inclui serviços como backup (cópia de segurança de dados e arquivos) e recursos que permitem localizar, bloquear e apagar o conteúdo de um dispositivo em caso de perda ou roubo. Nessa frente, a operadora estabeleceu parcerias com as empresas de software de segurança McAfee e F-Secure. "Estamos analisando também novas parcerias com fabricantes de dispositivos e empresas de software de segurança", diz Piazza.
O executivo destaca algumas estratégias para ganhar participação no setor de segurança. Em São Paulo, onde a Telefônica Vivo tem forte presença, a prioridade será oferecer essas soluções à base de clientes da operadora. Em outras regiões, o foco será a conquista de novos usuários. Os mercados mais promissores nesse cenário são os segmentos de finanças, governo, indústrias e varejo, diz Piazza. Esses esforços estão sendo apoiados pela oferta de pacotes integrados com outros serviços da empresa.
"Como gerenciam diretamente as redes, as operadoras têm ótimas condições para monitorar, antecipar e isolar possíveis incidentes. Ao mesmo tempo, como são responsáveis pela estrutura que chega até o cliente, elas têm um bom poder de barganha para oferecer um serviço adicional", diz Bruno Tasco, analista de mercado da Frost & Sullivan. "No entanto, elas ainda não têm o mesmo conhecimento que uma empresa especializada. Dessa maneira, acho bem provável que elas comecem a investir em aquisições para adquirir essa experiência", afirma.
Nessa direção, o grupo Telefónica criou em julho de 2013 a Eleven Paths. Com cerca de 30 especialistas, a divisão de segurança tem como origem a Informatica 64, companhia fundada há 14 anos pelo espanhol Chema Alonso. "Temos uma operação muito similar a uma startup, mas com a estrutura de um grupo do porte da Telefónica", diz Alonso, executivo-chefe da Eleven Paths. "Somos muito focados em testes, provas de conceito e na busca de inovações que serão transformadas em produtos globais da empresa, e as informações da rede da Telefónica nos dão uma boa base para esse trabalho", explica.
Um dos primeiros frutos no mercado é o Latch, aplicativo que permite ao usuário controlar quando uma aplicação - o acesso a um serviço bancário ou a uma rede social, por exemplo - está disponível no smartphone, por meio de uma função de ligar e desligar.
Piazza não revela a receita local da área de segurança, mas diz que unidade é a que mais cresce nos serviços corporativos. Em 2013, o salto foi de 160%. Para 2014, a expectativa é crescer acima de 100%.