Por monica.lima

Ainda calculando as perdas com a greve dos aeroviários alemães em março deste ano, e em meio a terceirizações para cortar custos na Alemanha e a diminuição no ritmo de crescimento da rentabilidade das aéreas na Europa, o Grupo Lufthansa reforça sua aposta no mercado latino americano, principalmente no brasileiro.

“Crescemos 50%, nos últimos três anos, em dois países: Brasil e México. Não estamos satisfeitos com a margem da Europa”, disse o diretor de comunicação para as Américas da Lufthansa, Nils Haupt.

A Lufthansa Passage, braço de transporte de passageiros, trouxe para o Brasil a Premium Economy Class, classe entre a econômica e a executiva. As passagens começam a ser vendidas esse mês para voos a partir de novembro. Além de mais espaço entre as poltronas, o passageiro tem outras vantagens, como mais bagagem e drinque de boas vindas.

A nova classe vem na esteira da entrada em operação do Boeing 747-8, que substitui o Boeing 747-400, aumentando em 10% a capacidade de assentos dos voos de São Paulo para Frankfurt. A rota é a décima primeira a receber a nova aeronave. A Lufthansa voa diariamente do Aeroporto de Guarulhos para Munique e Frankfurt.

Já o mercado carioca, que tem voos diários também para Frankfurt, desde o final de março passou a contar com mais oito mil lugares por mês nos voos para a Europa, com o novo Boeing 747-400, que substitui o Airbus 340-300.

“Desde que retomamos os voos no Rio, há pouco mais de dois anos, o movimento só tem crescido. Essa conquista seria impossível, caso a demanda não estivesse aquecida”, afirmou a diretora-geral da companhia no Brasil, Annette Taeuber.

Com a substituição das aeronaves em São Paulo e Rio por modelos maiores e mais modernos, a Lufthansa Cargo obteve um aumento da capacidade de carga de cerca de 40% em São Paulo. Além dos voos de passageiros, a transportadora opera com oito cargueiros.

“O mercado de carga é desafiador. Ainda temos muito mais importações do que exportações no Brasil. A proporção é de três para um. A base exportadora local é voltada para o agronegócio, em que o modal marítimo é mais comum. Ao passo que há muita importação de componentes eletrônicos”, destacou o diretor regional para América do Sul, Caribe e Flórida da Lufthansa Cargo, Daniel Bleckmann.

Outros braços da companhia, como a LSG SkyChefs, de catering aéreo; Lufthansa Systems, de serviços de consultoria e tecnologia da informação; Lufthansa Technik, de serviços de manutenção; e aérea Swiss também têm buscado fortalecer sua posição no mercado brasileiro. A LSG SkyChefs, por exemplo, investe na modernização de suas instalações. Nas próximas semanas, um centro de serviços novo será inaugurado em Salvador (BA), além disso, a unidade de São Paulo está sendo equipada com uma cozinha Halal, respondendo à demanda crescente das aéreas do Oriente Médio, e a cozinha no Aeroporto Internacional do Rio passa uma reforma.

“Sabemos que a qualidade do serviço de bordo influencia na percepção que o cliente tem da marca da aérea”, disse o diretor de operações da LSG Sky Chefs para a América Latina, Paulo Teixeira.

Rio terá unidade do braço de consultoria

Uma unidade da Lufthansa Consulting — consultoria de gerenciamento de frotas e de segurança de voo — acaba de chegar ao Rio. Essa é a primeira operação da empresa no Brasil e atuará como base operacional de suas atividades na América do Sul. “Estamos atrás de um crescimento que não está só na Alemanha. Escolhemos oito regiões como alvo, e a América do Sul está entre as eleitas”, disse Liége Emmerz, representante da empresa no Brasil.

Dentre os principais clientes da empresa no país, está a Petrobras. “Fazemos a segurança dos voos deles, principalmente nas operações offshore. Eles são nossos clientes desde 2005 e recentemente renovamos até 2015”, explicou Liége.

Perguntada sobre as perspectivas para o país, a executiva disse acreditar em novas concessões no Nordeste e até no Sul do Brasil. “Trabalhamos junto com a GRU Airport e foi super positivo”, disse Liége. “Vemos ainda muito potencial no Rio e em São Paulo para a aviação executiva, mas um dos gargalos ainda é a infraestrutura”, completou.

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