Por marta.valim

Quando a Microsoft anunciou a compra da divisão de celulares da Nokia, em setembro, por US$ 5,4 bilhões, o objetivo era bem claro: juntar forças para recuperar o terreno perdido pelas duas companhias diante do avanço dos smartphones e de rivais como a Apple e a Samsung. Três semanas após obter a aprovação de órgãos reguladores para concluir a aquisição, a gigante americana de software começa a trazer à tona os primeiros esforços dessa estratégia. E o Brasil surge como um dos mercados mais relevantes nesse novo caminho.

Sob essa ótica, a companhia apresentou na quinta-feira os primeiros smartphones que chegarão aos mercados brasileiro e latino-americano como resultado dessa sinergia. Os modelos são baseados no Windows Phone 8.1, a versão mais recente do sistema operacional móvel da Microsoft. “Para nós, é um momento histórico, pois esse é um dos primeiros lançamentos que fazemos globalmente como uma única companhia”, afirmou Anderson Teixeira, vice-presidente sênior da Microsoft Devices Group para a América Latina, durante evento realizado ontem em São Paulo.

Anderson Teixeira, da Microsoft Devices Group: empresa quer aproveitar força da Nokia para se firmar como smartphone de entradaPatricia Stavis

Com lançamento regional nas próximas semanas e preço de R$ 699 no Brasil, o Nokia Lumia 630 é um dos novos dispositivos que ressalta o interesse pelo país. “O Lumia 630 que vamos vender no Brasil é um modelo único, diferente do que estará disponível em qualquer outro mercado”, disse Cristian Capelli, diretor de dispositivos inteligentes da Microsoft Devices Group na América Latina. A versão tem suporte para dois chips de operadoras diferentes e recursos de TV Digital. Desenvolvida pelo Instituto Nokia de Tecnologia, instalado em Manaus, essa última aplicação permite — entre outras funções — que o usuário acesse conteúdo da TV aberta em alta definição e grave programas no aparelho.

A Microsoft também anunciou uma versão do Lumia 630 com um único chip, por R$ 549, que será vendida inicialmente por meio de uma parceria exclusiva com a Claro. O evento marcou ainda a apresentação do Lumia 935 e do Lumia 930, que serão lançados no terceiro trimestre e são compatíveis com redes 4G.

Durante o evento, os executivos destacaram o fato de a Nokia ter uma marca muito forte na América Latina, especialmente entre os usuários de celulares básicos, os chamados “feature phones”. “Nosso foco são os consumidores que estão à procura do primeiro smartphone. Dessa forma, uma de nossas estratégias é proteger a base instalada da Nokia e nos posicionar como a primeira escolha desse consumidor”, afirmou Teixeira.

Nessa trilha, a ideia é acelerar a combinação dos ativos da Microsoft em software, serviços e entretenimento com as capacidades da Nokia em hardware, design e interfaces com os usuários. “Estamos bem no início dessa estratégia. Tivemos a aprovação do acordo há poucos dias. Agora, como uma única companhia e todos os ativos sob o mesmo teto, esse processo será facilitado. Não teremos mais que entrar em discussão sobre quem paga o que ou qual o papel de cada um”, disse o executivo. “Poderemos realmente trabalhar para que hardware e software funcionem como um só”, acrescentou Capelli.

A integração com o ecossistema da Microsoft é mais um ponto a ser fortalecido. Nessa seara, a proposta, disse Teixeira, é aproveitar a popularidade de produtos e serviços da companhia, como o Office, o Skype e o console de games Xbox.

Uma das barreiras de crescimento para a Microsoft nos smartphones, a oferta incipiente de aplicativos também está sendo superada, disseram os executivos. “Hoje, temos mais de 250 mil aplicativos na nossa loja. Atingimos uma massa crítica e, para nós, o ciclo virtuoso já começou”, observou Teixeira, que destacou a disponibilidade de aplicações populares como Waze e Instagram. Segundo a empresa, 500 novos aplicativos são publicados diariamente na Windows Phone Store.

A aposta em aplicativos locais é mais uma frente de atenção. Nesse contexto, a Microsoft está ampliando o foco nas parcerias com desenvolvedores locais e regionais. No Brasil, um dos acordos recentes foi o aplicativo do Grubster, site brasileiro de reservas de restaurantes. Disponível na Windows Phone Store desde o início da semana, o aplicativo está oferecendo três reservas gratuitas para usuários do sistema operacional.

No processo de integração das duas operações, os smartphones da Microsoft continuarão, a princípio, a ser comercializados sob a marca da Nokia. No acordo de aquisição, a companhia adquiriu a licença para usar a marca da fabricante finlandesa por dez anos. No entanto, a companhia ainda não definiu se manterá essa estratégia em<CW-10> longo prazo, disse Teixeira.

Em relação à operação brasileira nesse novo contexto, o executivo ressaltou que a Microsoft manteve todos os funcionários e linhas da fábrica da Nokia instalada em Manaus, que será responsável pela fabricação dos novos modelos. “Estamos investindo em um plano de expansão dessa unidade para atender às projeções de crescimento da demanda no país”, afirmou.

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