Por marta.valim
Hoje, estamos em cidades a partir de 40 mil habitantes. Em municípios periféricos, a marca se torna um point para os moradores. Nossa meta é dobrar de tamanho até 2019", diz Marcelo Farrel, diretor geral do BobsPatricia Stavis

Basta dar uma volta rápida em uma praça de alimentação para notar uma tendência que ganha força entre as redes de alimentação rápida: itens vendidos por cerca de R$ 6. Por trás desses banners está a estratégia das redes de conquistar uma nova clientela, as classes C e D, o que trouxe ainda um novo Norte para os planos de expansão dessas companhias, que passaram a incluir cidades do interior com a partir de 40 mil habitantes ou bairros periféricos de capitais.
“Com uma política de preços que estabelece R$ 6 como a faixa acessível, o sonho de consumo vira consumo”, explica a a diretora da consultoria Vecchi Ancona, Ana Vecchi.

Não por acaso, o Bob's encerrou uma promoção com a oferta de um sanduíche do cardápio por semana, ao preço de R$ 6, incluindo o carro-chefe Big Bob. Hoje, entra no ar a campanha do Double Sauce, ao preço de R$ 6,50. Marcelo Farrel, diretor geral da marca Bob's, confirma que produto é voltado para o público das classes C e D.

“Esse é um cliente que nos interessa muito. Nossa posição é de investimento em uma parcela da população em que temos interesse em fidelizar. Somos pioneiros nisso”, afirma Farrel, para quem o movimento da marca é um caminho natural de quem está há 62 anos no Brasil.

“Não olhamos o nosso produto como parte de uma disputa.O Bob's tem uma vantagem competitiva com seu mix de produtos e com o seu histórico. Isso nos favorece a chegar antes nos mercados ainda não maduros com mais consistência e custos menores de abertura de lojas. Hoje, estamos em cidades a partir de 40 mil habitantes. Em municípios periféricos, a marca se torna um ponto de encontro para os moradores”, destaca o executivo. O Bob's, segundo Farrel, dobrou de tamanho em cinco anos e hoje soma mais de 1.100 lojas.

Esse ano serão abertos mais 140 pontos de venda, em pequenas cidades de Minas Gerais, como Ubá, em Colatina (ES) e em municípios da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, como Piabetá, Queimados e Magé. “Nossa meta é novamente dobrar de tamanho nos próximos cinco anos”, prevê o executivo.

Leandro Florio, responsável pelo Marketing da rede Subway no Brasil, não se acanha em afirmar que as redes de fast food que querem conquistar a disputada classe C fazem uma espécie de “guerra do bem”. A marca tem o selo “Baratíssimo”, criada em 2011 e que já estava presente nas capitais. O sanduíche, na época, custava R$ 4,95. Hoje, 15 centímetros de um lanche Baratíssimo sai por R$ 6,25. A inflação, diz Florio, acabou comendo uma parte do atrativo do preço. Mas ainda é um custo que não pesa no bolso do consumidor, avalia ele.

“Chegamos em cidades menores e no interior de capitais onde a ação de marketing é um sucesso tanto quanto nas capitais. É um preço muito bem aceito pelo consumidor da classe C. Tanto assim que, do total de clientes da rede, 40% são da classe C e compram o Baratíssimo, enquanto 10% são da classe D”, destaca Florio.

A marca está indo agora para cidades entre 30 mil e 80 mil habitantes, classificadas de micro -cidades do interior pela rede. Esse ano serão inauguradas 350 novas lojas. A maior parte delas no interior das regiões Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A meta é chegar a oito mil unidades até 2025. O preço do sanduíche a R$ 6,25 deve ser mantido até o final do ano.

“Depois disso, vamos avaliar as condições da economia para rever os preços. Dependendo do que acontecer no país ao final de 2014, quem sabe até baixamos o custo do sanduíche. Por causa dessa política de preços, tivemos um aumento de 30% nas vendas em nossas lojas, de 2011 para cá”, completa o executivo da Subway.

Dentro da mesma estratégia, a rede Burguer King lançou o sanduíche Whopper Furioso Junior por R$ 6, dentro da plataforma Preços Irresistíveis. “Vamos continuar seguindo com nosso projeto de consolidar ainda mais a nossa marca no país, levando mais produtos a mais consumidores brasileiros”, diz Ariel Grunkraut, diretor de Marketind do Burguer King no Brasil. A marca tem hoje 440 unidades no país.

Para Ana Vecchi, da consultoria Vecchi Ancona, existe uma real guerra das redes de fast food que se baseia em preço. A faixa de R$ 6 foi revelado por estudos feitos pelas empresas, já que o valor é considerado acessível para as classes C e D.
Mas, para ela, é preciso avaliar se o preço promocional ou diferenciado vai segurar esses consumidores. Isso porque a estratégia deve ainda contemplar o posicionamento de marca para que esse público não seja atraído apenas por um item do momento e, sim, se torne fiel ao produto. “Esse cliente, que tem como gastar e quer gastar, quer mais do que um produto ”, diz Ana Vecchi.

Ela adverte que o cliente que vai pelo preço pode não voltar. E dependendo do aspecto cultural de cada região, esse mecanismo pode até mesmo afastar esse consumidor. “O grande segredo é não balizar o cliente da classe C apenas pelo preço, mas usar isso como um atrativo inicial”, diz Ana Vecchi.

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