Por marta.valim
"Estamos transformando o resíduo da construção civil em um material para fazer base em obras civis no Rio", afirma LangloisMaira Coelho

Alexis Langlois, presidente da Lafarge, fabricante francesa de cimentos e concretos especiais, vê o Rio de Janeiro como uma das principais praças para investimentos. Entre os novos projetos estão um centro de pesquisas, uma nova usina de cimento em Santa Cruz, na zona Oeste, e a ampliação da reciclagem de resíduos da construção civil. O total dos investimentos no estado até o momento é de R$ 74 milhões. O Rio responde por mais de 1,5 milhão de toneladas da produção local de cimento da empresa, de 7 milhões anuais. Sobre a fusão com a suíça Holcim, o silêncio permanece. As conversas, diz ele, são de responsabilidade da matriz, na França.

Quais são os planos de investimentos da Lafarge?

No Brasil, vamos investir no aumento da produção. No Rio, a Lafarge está em movimento contínuo. Inauguramos recentemente, em fevereiro, uma nova usina de cimento em Santa Cruz, na zona Oeste da cidade, que vai aumentar a nossa capacidade de produção no estado do Rio em 50%. Foi um investimento de mais de R$ 70 milhões. Está tudo caminhando muito bem. Também fizemos investimentos de R$ 4 milhões em um Laboratório de Desenvolvimento de Materiais de Construção, no bairro do Rio Comprido, zona Norte da cidade. Será o primeiro das Américas e o quinto no mundo.

O senhor poderia comentar o que está sendo desenvolvido neste centro de pesquisas em termos de novos produtos?

Sim, estamos desenvolvendo um tipo de de concreto específico, o concreto drenante. Esse é um dos pontos de estudo. Por conta das fortes chuvas que temos no país, pensamos em soluções que possam ser mais eficientes e o conceito do concreto drenante é um deles. Ele escoa a água mais rápido, evitando atrasos nas obras.

Qual é o objetivo desse centro de pesquisas? Ele já está em funcionamento?

Uma parte do Centro de Pesquisa está operando e estamos terminando as obras da segunda fase do espaço. A ideia é extremamente simples: entender as dificuldades e os desafios dos nossos clientes, especificamente na construção. E junto com estes clientes, e também com estudantes de universidades, além do centro de pesquisa mundial, na França, juntar essas forças e identificar novas oportunidades de sistemas construtivos, que podem fazer diferença aqui no Brasil. O objetivo não é necessariamente o de inventar um novo produto, mas de desenvolver sistemas construtivos, soluções que permitam a melhoria da qualidade da construção e da produtividade do processo construtivo.

E que outras áreas são do interesse da Lafarge ?

Estamos ampliando a presença na reciclagem de materiais de demolição de construção. Recebemos uma licença de operação, no final de 2013, e grande parte do concreto do Viaduto da Perimetral, que foi derrubado, está sendo reciclado pela Lafarge em nossa unidade industrial de Inhaúma, na zona Norte do Rio. Estamos transformando esse resíduo da construção civil em um material para fazer base em obras civis no Rio. Foi um investimento importante. Somos um dos poucos atuantes nesse negócio de reciclagem de resíduos da construção civil. E esse é um caminho chave de desenvolvimento, dentro de uma visão de sustentabilidade da construção e do trabalho que fazemos.

Diante de todo o processo de transformação por que passa o Rio, o que vocês enxergam como oportunidades?

A Lafarge está hoje em três das cinco regiões do Brasil. No Sudeste, o Rio de Janeiro é um dos mercados importantes para a empresa. Claramente pelas oportunidades da Copa e das Olimpíadas e também pelo desenvolvimento da cadeia de óleo e gás, assim como pelos investimentos de infraestrutura, que ampliam o potencial de negócios. Mas não é nosso único mercado. Estamos também muito fortes em Minas Gerais, no Nordeste e no Centro-Oeste.

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