Por monica.lima

A B2W reforçou a aposta em marketplaces em junho, com a incorporação deste modelo de negócios — em que o varejista integra produtos de outras lojas a sua página — à plataforma da Americanas.com. Ainda pouco perceptível para o consumidor final, a incorporação do marketplace é parte de uma estratégia que visa a ampliar a oferta de produtos da companhia, dona das marcas Americanas.com, Submarino e Shoptime, entre outras. No fim do ano passado, a empresa de comércio eletrônico colocou em operação o marketplace do Submarino. “Os efeitos no nosso resultado ainda são bastante tímidos, mas estamos crescendo muito, a taxas de três dígitos numa comparação de mês contra mês”, disse ontem o diretor de Relações com Investidores da B2W, Fábio Abrate, em teleconferência com analistas para tratar dos resultados do segundo trimestre.

Entre abril e junho, a B2W registrou prejuízo líquido de R$ 64,6 milhões, um incremento de 31% em relação ao resultado negativo de R$ 49,3 milhões apresentado no mesmo período de 2013. A receita bruta da companhia totalizou R$ 1,89 bilhão, um avanço de 38% na comparação com o segundo trimestre do ano passado. “Esse foi o oitavo trimestre consecutivo em que tivemos crescimento de vendas, sempre com percentuais acima da média de mercado”, destacou Abrate. Relatório distribuído ontem pela Ativa Corretora destacou o crescimento expressivo nas receitas da B2W, mas acrescentou que a empresa “ainda continua queimando muito caixa.”

No último dia 13, o conselho de administração da companhia homologou um aumento de capital no valor de R$ 2,38 bilhões, montante essencial para a varejista online manter suas operações no nível atual e crescer. “Nesse ramo do comércio eletrônico, quem tiver mais fôlego financeiro é que vai sobreviver”, resume Celson Placido, estrategista da corretora XP Investimentos. Apesar de ter contribuído para ampliar as vendas, o efeito Copa do Mundo pressionou a margem bruta consolidada (lucro bruto dividido pela receita líquida) da B2W, que caiu 1,1 ponto percentual para 25,1%, na comparação anual. O Mundial alavancou as vendas de eletrônicos, especialmente televisões, que são produtos de menor margem. “Tivemos crescimento da margem bruta nos trimestres anteriores. Excetuando esse trimestre, que teve um efeito sazonal muito forte da Copa do Mundo, não temos nada que remeta ao contrário”, justificou o diretor de Relações com Investidores da B2W. No segundo trimestre, o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado da B2W somou R$ 116,1 milhões, o que representou um crescimento de 33% na comparação anual.

A criação de um segundo marketplace pela B2W foi vista como positiva por Placido, da XP Investimentos. “A empresa sempre foi questionada pelo fato de não adotar um modelo de marketplace, como a Amazon”, lembrou. Com a integração de ofertas de diferentes lojas, a companhia de comércio eletrônico espera ainda rentabilizar suas operações ao possibilitar a aquisição de vários produtos numa única transação. Nesse modelo de negócios, a varejista normalmente recebe um percentual sobre as vendas feitas pelas empresas que comercializam seus produtos na plataforma.

Outra vantagem potencial para a B2W está no volume de transações geradas pelo marketplace. Um aumento no número de transações possibilita à companhia negociar taxas mais favoráveis com as administradoras de cartões de crédito. “Para o futuro, o marketplace vai ter uma contribuição muito forte na nossa receita”, argumentou Abrate. No fim de junho, a relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado acumulado nos últimos 12 meses estava em 0,7 vezes.

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