Por douglas.nunes

A Telecom Italia SpA está preparando uma oferta que pode chegar a € 7 bilhões  (US$ 9,4 bilhões) para superar a proposta da Telefônica na disputa para adquirir a GVT, unidade de banda larga da Vivendi no Brasil, segundo fontes familiarizadas ao assunto que pediram para não serem identificadas porque as conversas não são públicas.

A Vivendi assumiria 20% da holding Telecom Italia, que tem sede em Milão, e uma fatia na organização que combinaria as unidades das companhias no Brasil, disseram as fontes. A Telefônica -- que compete com a Telecom Italia no mercado de telefonia do Brasil -- ofereceu € 6,7 bilhões (cerca de R$ 20,1 bilhões) pela GVT no início do mês, segundo comunicado.

A GVT, uma provedora de acesso à Internet, pode ser um veículo para expansão da Telecom Italia e da Telefônica diante da queda do faturamento das teles na Itália e na Espanha em virtude da concorrência acirrada.

A oferta da Telefônica pela GVT ocorreu meses após o presidente da Telecom Italia, Marco Patuano, ter manifestado interesse pela unidade, segundo fontes com conhecimento do assunto. A Telecom Italia prepara uma oferta envolvendo apenas ações, no valor de € 7 bilhões, pela GVT, segundo matéria da Folha de São Paulo de 16 de agosto.

A Telefônica, que em 5 de agosto ofereceu R$ 11,96 bilhões (US$ 5,3 bilhões) em dinheiro e em ações em sua unidade no Brasil pela GVT, apresentou sua proposta depois que pessoas na empresa descobriram as negociações entre a Telecom Italia e a Vivendi, disseram fontes.

A Telecom Italia confirma que está em curso um aprofundamento acerca da oportunidade de apresentar à Vivendi uma oferta de combinação industrial que incluiria a integração das atividades brasileiras dos dois grupos, segundo a TIM Participações SA, em fato relevante de 14 de agosto, citando carta da Telecom Italia. A empresa disse que nenhuma oferta foi finalizada ou feita.

Negociações com Bollore

A Vivendi disse que até 16 de agosto não havia recebido ofertas e que não tinha comentários a fazer. Representantes da Telecom Italia, da TIM e da GVT preferiram não comentar. A assessoria de imprensa da Telefônica não respondeu a pedidos de comentário feitos fora do horário comercial regular.

Houve conversas entre Patuano e o presidente da Vivendi, Vincent Bollore, disseram fontes. As conversas já ocorriam antes de a Telefônica, que tem sede em Madri, fazer sua oferta pela GVT.

A GVT está trabalhando com os assessores financeiros Goldman Sachs Group Inc. e Credit Suisse Group AG em sua potencial venda, segundo duas fontes com conhecimento direto do assunto.

Uma participação de 20 por cento na Telecom Italia valeria cerca de 3 bilhões de euros, com base no valor de mercado da empresa, de cerca de 15 bilhões de euros. A TIM tem um valor de mercado de cerca de US$ 11,7 bilhões.

Respondendo à oferta da Telefônica, no início do mês, a Vivendi disse que nenhuma de suas unidades estava à venda, embora seu conselho vá avaliar a oferta em sua próxima reunião. O conselho da Vivendi deverá se reunir no fim deste mês, em combinação com a divulgação dos lucros da empresa, em 28 de agosto.

Aliança mais ampla?

Enquanto a oferta da Telefônica está centrada na GVT, a Telecom Italia propôs uma aliança mais ampla que pode incluir a distribuição, pela empresa italiana, de conteúdo proveniente dos ativos de mídia da Vivendi, que incluem a provedora de TV paga Canal Plus, disseram as fontes. A Telecom Italia tem buscado laços mais próximos com as emissoras para expandir-se no ramo de distribuição de programas em meio a uma queda nos preços das chamadas telefônicas.

Enquanto isso, a oferta da Telefônica pode ajudar a empresa a cumprir decisões regulatórias do ano passado que questionaram seu papel como acionista da Telecom Italia. Em sua proposta à Vivendi, a Telefônica daria à empresa francesa o direito de comprar quase toda a sua participação na Telecom Italia.

A Anatel, reguladora brasileira das telecomunicações, teria que analisar qualquer fusão ou mudança na estrutura da empresa antes que um acordo possa ser aceito, disse um assessor de imprensa da agência que pediu para não ser identificado. A reguladora antitruste do Brasil, conhecida como Cade, disse em um e-mail que analisará o caso após o recebimento de uma notificação a respeito de um acordo.

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