Com a explosão das atividades de apoio a plataformas marítimas de exploração de petróleo, a Maersk Supply Services, braço da companhia de navegação dinamarquesa Maersk decidiu rever sua estratégia de atuação no segmento. O primeiro passo foi um contrato assinado esta semana para a compra, por US$ 750 milhões, de quatro embarcações de instalação de equipamentos submarinos em campos petrolíferos. O objetivo é reduzir gradualmente suas atividades no apoio a plataformas para focar em serviços de maior valor agregado.
“Estamos reforçando nossa estratégia na área de embarcações mais pesadas, onde podemos agregar conhecimento técnico e margens melhores”, diz o diretor-gerente da companhia, Viggo Andersen. As quatro embarcações têm capacidade para operar em lâmina d’água e para içar até 400 toneladas. Segundo o executivo, as unidades ainda não têm contratos, mas o objetivo é trazê-las para o Brasil, país responsável hoje por 25% dos investimentos em equipamentos submarinos para a produção de petróleo, de acordo com dados da consultoria Infield. O contrato prevê ainda a opção de compra de outros dois navios.
A encomenda representa a entrada da Maersk em um novo mercado: o de transporte e instalação de estruturas gigantes, como manifolds (conjunto de válvulas que controlam o fluxo de fluidos extraídos poços petrolíferos). Atualmente, com 61 navios em sua frota, a empresa tem boa parte de sua receita voltada para o apoio a plataformas, que demanda embarcações de menor porte, capazes apenas de transportar equipamentos e suprimentos. Recentemente, começou a atuar no lançamento de âncoras, com navios com capacidade para içar até 150 toneladas.
A ideia é começar um processo de renovação da frota, reduzindo gradualmente a participação no mercado de apoio, que, na avaliação de Andersen, deve enfrentar problemas de excesso de capacidade em um futuro próximo. “Nunca se construiu tanto PSV (sigla em inglês para embarcação de apoio a plataformas) no mundo”, diz o executivo.
Por outro lado, a Infield projeta que o segmento de equipamentos submarinos deve crescer 6,72% entre 2014 e 2018, impulsionado, principalmente, pelas operações no Brasil e na costa oeste da África. Além de manifolds, a produção marítima de petróleo demanda a instalação no leito marinho, de bombas, separadores submarinos de fluidos e outros equipamentos. No Brasil, apenas no pré-sal, a Petrobras prevê o início de operações de 35 novas unidades de produção de petróleo e gás até 2020. “É fato que o Brasil está aumentando sua produção de petróleo e que, para isso, teremos grandes investimentos. Só nos resta saber quando e quanto”, comenta Andersen. Dos 61 navios da frota da Maersk Supply Services, 19 estão hoje no país, que é responsável por 1/3 da receita global da companhia.