O Grupo Brazcarnes, holding dona da rede de churrascarias Vento Haragano, em São Paulo, se candidata ao posto de “rei do churrasco” dentro e fora do Brasil, com a finalização da fusão com a Brasil Foodservice Group (BFG), proprietária do Grupo Porcão, que tem quatro restaurantes (três no Rio e um em Brasília), além de duas unidades do Porcão Gourmet.
Ao fechar o negócio que, segundo o presidente da Brazcarnes, Lucas Zanchetta, torna o grupo o líder nacional em churrascarias, foi assumida uma dívida de R$ 25 milhões, resultado do imbróglio que levou à deterioração dos restaurantes Porcão: a briga dos executivos da BFG com a família Mocellin, fundadora do Porcão. A família vendeu sua parte na BFG e receberá um terreno, que é um dos ativos da BFG, como pagamento, diz ele.
Um negócio que é o primeiro passo para um plano de expansão que prevê mais aquisições em breve, todas com foco em churrascarias. Na próxima quinzena, ele deve fechar a compra de uma rede de franquias com 25 lojas e de uma churrascaria com quatro unidades próprias. E em 12 meses, o plano é abocanhar uma grande rede de churrascarias nacional que tem operações também fora do Brasil. Os nomes são mantidos em sigilo por questões contratuais.
A meta do executivo é fechar o ano com um faturamento de R$ 300 milhões somente com as operações de churrascaria. O valor sobe para R$ 800 milhões, se forem consideradas as duas plantas frigoríficas em São Paulo, hoje arrendadas pela Marfrig, e uma usina termelétrica no Espírito Santo, com capacidade para 185 megawatts, também ativos do Grupo Porcão. Em 12 meses, o objetivo é ter no caixa R$ 1 bilhão de faturamento com as churrascarias.
Zanchetta, que está há cerca de dois meses à frente do Porcão, diz que agora é a hora de “arrumar a casa”.
“O rodízio tem uma margem operacional muito boa porque 90% do insumo é carne. Por isso buscamos no segmento o nosso caminho para crescer. Temos muito trabalho à frente da Porcão, que é uma marca carioca bastante forte. Com a Vento Haragano, entramos no mercado premium. Além das lojas nos Jardins, pegamos o segundo melhor ponto do Morumbi para a marca. Agora, é a vez de olhar para a Porcão. Já acertamos os salários dos funcionários, vamos transferir a sede administrativa para São Paulo e manter a sede operacional aqui no Rio. Investiremos R$ 50 milhões nos restaurantes e em marketing. Contratamos a agência África para isso e contamos com o Nizan (Guanaes, dono da agência) para esse trabalho”, detalha Zanchetta.
Mas seus planos vão além e incluem outros ativos do Grupo Porcão. A marca Garcia&Rodrigues, que havia sido descontinuada, volta com foco no mercado de foodservice. Sem projetos de abertura de lojas, os doces, pães e demais itens de pâtisserie serão distribuídos para as churrascarias de propriedade da holding e também para supermercados e delicatessens. A fabricação será em uma unidade do Grupo Porcão, no bairro da Penha, zona Norte do Rio, que tem uma linha de produção e um centro de distribuição. O investimento será de R$ 20 milhões no local.
“Vamos produzir também lácteos e queijos com a marca Garcia&Rodrigues”, completa ele.
A marca Porcão também vai entrará no autosserviço e delicatessens com hambúrguer, cortes de carne e embutidos. A produção será em Itupeva (SP), dentro do terreno hoje ocupado pela Marfrig.
“Vamos ativar esta unidade em 12 meses. Como a Marfrig não pode produzir hambúrguer, entramos nesse filão. Antes, essa fábrica fornecia para players do setor de fast food. Vamos retomar esse caminho também,”, afirma Zanchetta, que veio do mercado de capitais e tem como um de seus parceiros o BTG Pactual, que já está preparando o plano dos frigoríficos e da usina termelétrica para que a Brazcarnes tenha caixa para todos os projetos em andamento. O executivo não pensa em ir ao BNDES. Suas parcerias para captar recursos estão direcionadas para fundos de investimento estrangeiros e no BTG. Além disso, diz ele, a BFG tem capital aberto e ações listadas na Bovespa. Mas ainda não comercializadas. O passo seguinte, afirma ele, é colocar estes papéis no mercado.
“Isso vai acontecer em breve. No dia 30 de setembro enviamos o balanço auditado da empresa para dar início a esse processo. Já no mercado externo, vamos chegar inicialmente à Europa, com a abertura de operações na Alemanha”, adianta ele.