No último mês de junho, o Facebook registrou, em média, 350 milhões de uploads de fotografias por dia, enquanto no Instagram o volume diário foi de 60 milhões de imagens. Em teoria, os números deveriam ser motivo de comemoração para os fabricantes de câmeras, mas a tendência por trás dessa explosão de fotos digitais é bem mais favorável à indústria de celulares. O impacto da proliferação dos telefones móveis com câmeras é sentido principalmente no segmento de máquinas fotográficas compactas. Levantamento encomendado pela sul-coreana Samsung indica que a demanda global por câmeras compactas deve encolher para 35 milhões de unidades neste ano, uma queda de 23,4% em relação ao patamar de 45,7 milhões alcançado em 2013.
Atenta à movimentação do mercado, a companhia adotou uma estratégia focada em câmeras de maior valor agregado, com mais recursos embarcados. “É um mercado que não está morrendo e sim passando por uma mudança”, argumenta Douglas Issi, gerente de Produto da área de Câmeras da Samsung Brasil, referindo-se ao segmento de compactas. A estratégia passa por oferecer máquinas fotográficas relativamente pequenas e leves, mas com lentes mais sofisticadas, zoom mais potente e sensores mais sensíveis. “As pessoas estão tirando mais fotos, só que muitas não estão satisfeitas com a qualidade das imagens”, sustenta o executivo da Samsung. Como forma de se posicionar no mercado, a empresa fechou parcerias com uma revista brasileira especializada em fotografia e com fotógrafos-embaixadores (profissionais de destaque no meio).
Outra aposta do conglomerado sul-coreano são as câmeras de lentes intercambiáveis com tecnologia CSC (compact system camera), em que a luz incide diretamente sobre o sensor responsável por captar as imagens. Em termos de valor, esse tipo de máquina respondeu no primeiro trimestre deste ano por 60% da demanda global. Os 40% restantes ficaram com as câmeras compactas. De acordo com o estudo encomendado pela Samsung, a expectativa é de que sejam vendidas neste ano 4,2 milhões de unidades com tecnologia CSC, uma expansão de 27% em relação a 2013. “São câmeras que privilegiam a portabilidade, a conveniência, o peso e o tamanho reduzidos, e a conectividade”, explica Issi.
No primeiro semestre, a empresa lançou no Brasil três câmeras compactas e deverá fechar o ano com outros cinco novos modelos — quatro com lentes intercambiáveis e uma compacta (a primeira com sistema operacional Android instalado). Do portfólio de câmeras oferecidas pela Samsung no país, todas são produzidas no Brasil. A exceção a esta regra fica por conta das lentes.
De maneira geral, as câmeras compactas ainda são as mais vendidas, tanto no Brasil como no mundo. “O mercado de câmeras de maior valor agregado, com ticket médio mais alto, não é o que tem maior volume, mas é o que mais cresce”, diz Issi, referindo-se aos produtos na faixa de preço entre R$ 800 e R$ 1,6 mil. Para 2016, o estudo indica uma demanda global estimada de 4,8 milhões de câmeras do tipo CSC e 23,1 milhões de compactas. Outros 13,5 milhões seriam de máquinas com tecnologia DSLR, sigla em inglês para Câmera Digital com Lente Reflexiva. Nesse tipo de câmera, a luz da lente é direcionada para um visor óptico na parte traseira da máquina. Em 2010, as DSLR respondiam por 93% do mercado de câmeras com lentes intercambiáveis, em volume de unidades, contra 7% de participação das CSC. No primeiro trimestre de 2014, o market share das CSC já havia avançado para 25%.