Por bruno.dutra

São Paulo - Longe das costumeiras filas a cada lançamento de nomes de peso como Apple e Samsung, o fenômeno dos tablets e smartphones no mercado brasileiro ganhou escala – em boa parte – a partir de modelos com preços acessíveis e configurações mais básicas. Foi assim que as marcas nacionais dominaram as prateleiras. Depois dessas primeiras experiências, no entanto, o consumidor está mais exigente. E para acompanhar essa evolução, as empresas brasileiras estão renovando as suas estratégias, a fim de abocanhar parte das projeções de vendas de milhares de unidades nos próximos anos.

“O consumidor está saindo dos modelos de entrada para buscar dispositivos de mais qualidade, com configurações muito próximas as de um notebook. Muitas marcas sumiram do mercado, pois já não adianta mais apostar apenas no primeiro preço”, diz Paulo Xu, diretor industrial e fundador da DL. “Nossa ideia é focar cada vez mais o segmento intermediário, com modelos para determinados perfis e recursos mais avançados”.

Uma das novas apostas dessa abordagem mais segmentada é um tablet à prova d´água, que será lançado no início de 2015, com um preço estimado de R$ 1 mil. Com duas câmeras e tela de 7,85”, o dispositivo pode ser mergulhado até 1 metro de profundidade, por até 30 minutos. “É um produto muito voltado para viagens de turismo, mas que ao mesmo tempo, oferece todos os recursos de um tablet tradicional”, diz.

Com a previsão de produzir 2,5 milhões de unidades nesse ano – ante 1,5 milhão em 2013 – a DL acaba de finalizar a ampliação de sua fábrica em Santa Rita do Sapucaí (MG), com um aporte de R$ 10 milhões. A nova capacidade de 30 mil tablets por dia já prevê a demanda gerada por outras iniciativas. A DL prepara sua entrada no mercado corporativo. “Estamos desenvolvendo um produto para os segmentos de segurança, automação e construção civil”, diz Xu. A empresa também já testa alguns produtos na área de dispositivos vestíveis, conta o executivo.

A diversificação é também um dos nortes da Positivo. Com atuação em smartphones e tablets, a ideia da fabricante é cobrir todos os perfis de consumidores nas duas categorias. Esse portfólio incorpora dispositivos para públicos específicos, como as crianças e o setor corporativo, além de novas categorias, como os modelos 2 em 1. A força da marca – que reinou durante anos no mercado de PCs – é uma das armas da empresa para conquistar espaço na mobilidade. “Estamos usando também toda a nossa presença e relacionamento no varejo para ganhar terreno”, diz Cristiano Freitas, gerente de negócios de mobilidade da Positivo. Hoje, a companhia detém uma rede de mais de 10 mil pontos de venda no país, além da presença em 2 mil lojas na Argentina.

Marca do grupo Rio Branco – responsável por marcas como a Maxprint – a Dazz também enxerga na capilaridade que sua empresa-mãe detém no varejo – são 4,7 mil pontos de venda- para expandir sua presença em tablets. Nessa seara, uma das prioridades é investir em redes regionais e no pequeno e médio varejo do interior.

Do ponto de vista de produtos, uma das novidades da Dazz é um tablet com projetor, que permite projetar imagens em até 100 polegadas e será vendido por R$ 1.899. “A ideia é ampliar o uso da categoria de tablets. Esse dispositivo tem potencial de uso corporativo, em escolas e também para entretenimento”, afirma Fernando Perfeito, diretor comercial da Dazz. “Nossa meta é alcançar 5% do mercado no fim de 2015”.

A Multilaser também tem como um de seus pilares as redes regionais e a presença em mais de 30 mil pontos de venda em todo o país para expandir sua fatia em tablets e smartphones. O investimento na fabricação local, em sua unidade de Extrema (MG), é outra ponta da estratégia. “Quando entramos nessas categorias, a escolha inicial foi importar produtos. Com produção própria, conseguimos ganhar escala, reduzir preços e, ao mesmo tempo, aumentar a qualidade”, diz Moacir de Oliveira, diretor comercial da empresa. Em 2013, a empresa vendeu 1 milhão de tablets e 150 mil smartphones. Para esse ano, a previsão é comercializar 1,5 milhão e 400 mil unidades, respectivamente.

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