Por marta.valim

O mercado dos leilões de arte contemporânea fechou em julho o melhor ano de sua história, superando dois bilhões de dólares de receitas, graças ao enorme apetite de colecionadores chineses e americanos.

Entre julho de 2013 e julho de 2014, os leilões públicos de obras de arte contemporâneas representaram receitas no valor de 2,046 bilhões de dólares (1,5 bilhão de euros), 40% a mais que no ano anterior, anunciou nesta terça-feira com exclusividade à AFP a Artprice, número um mundial de dados sobre o setor.

No conjunto da década, o volume de negócios aumentou 1.078% e os preços 70%, de acordo com o relatório anual da Artprice.

Prova deste dinamismo, impulsionado pelos colecionadores chineses e norte-americanos, é o "Balloon Dog" do americano Jeff Koons, que no dia 11 de novembro de 2013 se converteu na obra contemporânea mais cara do mundo ao ser vendida por 52 milhões de dólares.

A China superou os Estados Unidos somando 40% do mercado mundial. Os compradores chineses desembolsaram 811 milhões de dólares, e os norte-americanos 752 milhões.

Os dois países somam juntos 78% das receitas mundiais do setor de arte contemporânea, que se define como a realizada por artistas nascidos depois de 1945.

O dinamismo do setor contemporâneo é parte de um mercado global de arte (incluindo todas as épocas), que cresceu 12%, somando 13 bilhões de dólares em receitas.

A arte contemporânea representa agora 15% das receitas mundiais totais, e ganhou seis pontos em dez anos.

"De 1970 até o fim dos anos 1990, a arte contemporânea foi o elo fraco da cadeia do mercado de arte", lembra à AFP Thierry Ehrmann, presidente e fundador da Artprice.

No entanto, agora, apesar da crise econômica, este setor "não apenas se manteve perfeitamente, mas se confirmou como um setor fundamental".

"Passamos dos 500.000 grandes colecionadores do pós-guerra a 70 milhões de consumidores de arte, entusiastas e colecionadores", explica Ehrmann.

Três artistas somam 22% do mercado

Entre julho de 2013 e julho de 2014, treze obras contemporâneas foram vendidas por mais de 10 milhões de euros (12,8 milhões de dólares). Nos 12 meses anteriores, apenas quatro obras superaram esta barreira, e no conjunto da década foram 26 peças.

No total, 3.663 artistas bateram seu recorde pessoal em um leilão realizado no período analisado.

Os dados da Artprice revelam que três artistas americanos, Jean-Michel Basquiat (morto em 1988), Jeff Koons (de 59 anos) e Christopher Wool (nascido em 1955) representam 22% do mercado mundial de arte contemporânea, e reúnem dez das treze vendas por mais de 10 milhões de euros.

As receitas geradas por estes três artistas somaram 460,6 milhões de dólares (339 milhões de euros). Há dez anos, os três primeiros da lista geraram 35,8 milhões de euros.

No seleto clube dos artistas que venderam peças nos leilões a mais de 10 milhões de euros só há outros três: o chinês Zeng Fanzhi, o alemão Martin Kippenberger (falecido em 1997) e o britânico Peter Doig.

Por outro lado, Nova York continua sendo, mais do que nunca, a capital do mercado mundial de arte.

Com um volume de negócios de 541 milhões de euros, a Big Apple representa quase todo o mercado americano, e supera de longe Pequim (299 milhões de euros), que ocupa agora a segunda posição mundial, à frente de Londres.

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