São Paulo - Maior símbolo do domínio da Microsoft na era dos PCs, o Windows está no centro de uma nova tentativa da empresa para migrar sua relevância de outros tempos para o mundo atual, movido por múltiplas telas. A ainda gigante companhia americana de software apresentou ontem uma prévia da nova versão do Windows, prevista para chegar ao mercado em meados de 2015.
Em evento que reuniu desenvolvedores e clientes em San Francisco (EUA), a Microsoft mostrou algumas novidades do sucessor do Windows 8.1. A unificação da plataforma – que irá rodar em todos os tipos de dispositivos – e a renovação do foco no segmento empresarial foram alguns dos destaques. A relação de surpresas, no entanto, teve início com o nome da nova versão. Ao contrário do esperado Windows 9, a mais recente aposta foi batizada de Windows 10.
“Quando vocês puderem ver o produto na íntegra, irão concordar que é o nome mais apropriado. O Windows 10 representa o primeiro passo de uma nova geração do Windows e vai entregar a experiência certa, no dispositivo certo e na hora certa. Essa será a nossa a plataforma mais abrangente de todos os tempos”, afirmou Terry Myerson, vice-presidente executivo de sistemas operacionais da Microsoft.
Um dos fios condutores da nova versão é a oferta de uma plataforma única para o desenvolvimento e o consumo de aplicativos em diferentes categorias de dispositivos. Ao mesmo tempo, a proposta é que o sistema permita experiências personalizadas para cada um desses aparelhos. Essa última vertente inclui desde os formatos de tela até as preferências dos usuários por recursos de navegação, como por exemplo, por meio de mouses, teclados ou telas sensíveis ao toque. “Vamos oferecer uma maneira de desenvolver um aplicativo para toda a família de dispositivos. Ao mesmo tempo, haverá uma única loja, um único modo das aplicações serem descobertas, compradas e atualizadas em todos esses equipamentos”, disse Myerson.
A nova versão também traz algumas correções de rota no que diz respeito ao Windows 8. Lançado em 2012 como a maior tentativa da Microsoft se adaptar aos novos hábitos dos consumidores, o sistema trazia recursos de tela sensível ao toque. Ao mesmo tempo, foram eliminadas funções como o tradicional botão iniciar. Essas e outras alterações não foram bem recebidas pelos usuários.
Essa baixa aceitação se reflete em números recentes do mercado. A plataforma Windows 7 ainda lidera em participação, com 50,31% no mercado global, segundo dados relativos a agosto da consultoria StatCounter. Já o Windows 8 e o Windows 8.1, detém uma fatia de 6,63% e 7,46%, respectivamente. No Brasil, esse cenário se repete. No período, o Windows 7 registrou uma participação de 62,54%, contra 10,78% do Windows 8, e 7,57% do Windows 8.1.
O Windows 10 mescla e aprimora funções disponíveis no Windows 7 e no Windows 8. Além da volta do menu Iniciar, com a possibilidade de personalizar e acessar com um único clique aplicativos, sites e contatos favoritos, o Windows 10 vai permitir, entre outros recursos, ter até quatro aplicativos abertos na mesma tela.
Os componentes mais avançados com foco no mercado corporativo também integram a nova estratégia. Nessa ponta, o sistema reforça, por exemplo, questões de segurança e produtividade. É possível, por exemplo, criar áreas de trabalho distintas para separar dados corporativos e pessoais. As empresas também poderão adaptar a loja de aplicativos às suas necessidades de negócios. “O mercado empresarial é um dos nossos mais importantes clientes.
No último ano, eu conversei com dezenas de clientes corporativos e ouvi deles o que estão precisando de nós”, disse Myerson. “Esses clientes precisam avaliar o novo Windows logo, então estamos iniciando nosso diálogo com eles hoje”.
A maior abertura para a participação de desenvolvedores e empresas na evolução da nova versão é também um contraponto à abordagem aplicada, por exemplo, no desenvolvimento do Windows 8, quando essa aproximação foi quase nula. Nessa direção, a Microsoft vai investir em um modelo de desenvolvimento colaborativo. A companhia dá início hoje ao Windows Inside Program, que consiste na oferta da versão beta do sistema – inicialmente para PCs - para o uso, comentários e retornos desses parceiros. A iniciativa é global e inclui o mercado brasileiro.
Segundo Myerson, por meio do programa, os parceiros irão receber fluxos contínuos com as últimas funcionalidades e recursos que a Microsoft estiver testando no desenvolvimento do Windows 10. “Os anúncios desta semana são apenas o primeiro capítulo da nossa conversa com os clientes sobre o Windows 10, com foco em recursos corporativos”, afirmou.
Em relação ao mercado consumidor, o executivo acrescentou que novos recursos e iniciativas relacionadas à nova versão serão anunciados no início de 2015 e durante a conferência anual Build, voltada aos desenvolvedores.