Por douglas.nunes

O grupo francês Altice negocia a compra da Portugal Telecom, como parte de uma estratégia para reforçar suas operações de banda larga, telefonia móvel e TV paga na Europa. Com um faturamento de € 1,66 bilhão no primeiro semestre deste ano, o Altice já controla as operadoras Cabovisão e ONI — a primeira voltada para o varejo e a segunda, para o mercado business-to-business (entre empresas). As conversas para aquisição da PT foram confirmadas por uma fonte que acompanha as negociações.

“Eu diria que é mais uma questão de semanas do que de meses”, disse a fonte, que pediu para não ser identificada, referindo-se ao prazo necessário para a apresentação de uma proposta concreta de compra da PT. “O contexto (da operação) é muito importante. Houve eleições no Brasil neste fim de semana.” Questionado sobre a possível aquisição da PT, o grupo francês enviou comunicado por e-mail: “Conforme anunciado durante a Oferta Pública Inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), em janeiro de 2014, o Altice, como um investidor de longo prazo, está olhando cuidadosamente todas as oportunidades em cada um dos países onde o grupo está, Portugal é um destes (países) desde as aquisições da Cabovisão (2012) e da ONI (2013).”

“A Portugal Telecom tem ativos muito interessantes nas áreas de banda larga fixa, telefonia móvel e TV paga”, analisou a fonte familiarizada com as negociações. Ao fim do último mês de junho, a Portugal Telecom contava com 12,94 milhões de clientes em sua base, de acordo com os dados consolidados da Oi S.A., incluídos no mais recente relatório trimestral da companhia. De abril a junho, a receita líquida total (pro-forma) da Oi alcançou R$ 9,02 bilhões, dos quais 20,5% (R$ 1,85 bilhão) vieram das operações em Portugal.

Qualquer acordo entre Altice e PT necessitaria do apoio da Oi, que controla a entidade resultante da fusão entre a operadora brasileira e a portuguesa, informou ontem à agência Bloomberg uma fonte que pediu para não ter sua identidade revelada. A mesma fonte também disse à Bloomberg que a aquisição da PT pela Altice — caso se confirme — levaria à ruptura no processo de fusão entre Oi e Portugal Telecom. Apesar de a fusão não ter sido inteiramente concluída, a operadora portuguesa já transferiu seus ativos para a parceira brasileira, lembrou a agência.

O acordo entre as partes teria ainda de incluir a questão de quanto da dívida da Rioforte a PT iria deter, afirmou a fonte ouvida pela Bloomberg. A Portugal Telecom tem € 897 milhões a receber referentes a empréstimos feitos pela companhia à Rioforte Investments, holding do Grupo Espírito Santo (um dos acionistas da PT). No fim de junho, a dívida bruta consolidada da Oi totalizava R$ 52,22 bilhões, sendo que a PT contribuía na época com R$ 20,1 bilhões.

O grupo Altice tem operações espalhadas pela Europa (Portugal, Bélgica e Luxemburgo), por Israel, República Dominicana e territórios franceses no estrangeiro (Martinica, Guiana Francesa e Mayotte, entre outros). No comando do grupo está o bilionário franco-israelense Patrick Drahi, nascido no Marrocos, filho de um casal de professores de matemática. Drahi montou o Altice a partir de aquisições de 20 operadoras.

Segundo a agência de notícias norte-americana REDD, especializada em dívida corporativa e reestruturações, a venda da PT faria parte de uma operação maior de fusão entre Oi e TIM. A combinação de negócios entre essas duas companhias resultaria numa operadora de alcance nacional com 45,44% de market share no mercado de telefonia móvel, caso fossem mantidas as participações registradas no fim do segundo trimestre deste ano. A informação é da consultoria Teleco, com base em dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No segmento de telefonia fixa, a fusão com a Oi daria à TIM o acesso a uma rede de alcance nacional. No mercado de banda larga fixa, a Oi detinha uma participação de 26,6% no final do primeiro semestre deste ano, enquanto o market share da TIM estava restrito a 0,5%. Com Bloomberg

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