Por monica.lima

Dispostas a não deixar a brasileira Embraer reinar absoluta no mercado de aviação regional no Brasil — que prevê a abertura ou melhora de 240 aeroportos no país —, os concorrentes começam a se mexer. A canadense Bombardier inaugurou este mês seu escritório brasileiro, na cidade de São Paulo, disposta a aumentar sua visibilidade no mercado brasileiro. Alex Glock, vice-presidente regional de Vendas da América Latina, diz que não está preocupado com a competição com a rival brasileira. O momento agora, diz, é de reforçar laços. Segundo o executivo, já estão sendo conduzidas conversas com as principais companhias aéreas para a negociação de modelos que se adaptem ao mercado regional. Glock aponta o turboélice Q400 NextGen, de 80 assentos, como o “estado da arte da tecnologia” e o ideal para as futuras rotas que serão abertas no país.

“O projeto da aviação regional está nos nossos planos e queremos participar disso. Temos aviões com mais alcance”, afirma.

Glock diz que um passo importante nesse momento é fazer com que os potenciais clientes no Brasil e na América Latina conheçam os produtos da fabricante mais a fundo. “Por isso a estratégia de estar mais presente na região”, diz. A Bombardier faturou US$ 18,2 bilhões em 2013.

A presidente para o Brasil e América Latina da Boeing, Donna Hrinak, tem na Gol uma parceria de longo prazo e que poderá se estender para a aviação regional. 

“A Boeing está orgulhosa de sua parceria de longa data com a Gol. Trabalhamos de forma próxima à companhia para entender suas necessidades”, comenta a executiva, destacando os modelos 737 Max como os ideais para rotas regionais.

Segundo ela, nos últimos cinco anos, a Boeing entregou 62 aeronaves comerciais avaliadas em cerca de US$ 7 bilhões para o Brasil.

“Nossa perspectiva de mercado prevê que a região da América Latina terá uma demanda de cerca de 2.950 aeronaves comerciais, avaliadas em US$ 340 milhões, nos próximos 20 anos. O Brasil representa cerca de 40% do mercado latino-americano. É claramente uma área chave para a Boeing”, completa.

A Embraer afirma que o programa da aviação regional pode gerar demanda por jatos regionais não só para ela como para seus concorrentes globais, exatamente como ocorre em todas as demais regiões do planeta. A família E-jets é o ouro da Embraer para este mercado. No Brasil, somente os modelos E190, de até 114 assentos, e E195, com até 124 lugares, são comercializados. O E175, com até 78 poltronas, é forte no mercado americano, com 234 pedidos firmes ou quase 80% das encomendas na categoria. Há interesse pelos E-Jets em mercados como Leste Europeu, África, Oriente Médio, China (onde a Embraer detém 90% do mercado de jatos 100 assentos) e Ásia-Pacífico.

O professor e especialista em aviação, Jorge Leal, da USP, acredita que a Bombardier tem condições mais fortes de competição, já que seus aviões, com menos de 100 assentos, conseguem em aeroportos com pistas menores e isso aumenta a capilaridade das aéreas. “Eles vão marcar presença e devem apresentar preços bastante competitivos”, comenta.

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