Por monica.lima

Os grupos de private equity Apax Partners e Bain Capital venceram uma nova etapa na disputa com a francesa Altice pelos ativos da PT Portugal. Os fundos de investimento garantiram financiamento para viabilizar sua oferta — no valor de € 7,075 bilhões — pela subsidiária da Oi, segundo informou ontem uma fonte familiarizada com as negociações. Barclays, Bank of America Merrill Lynch e UBS serão responsáveis por aportar 70% dos recursos, enquanto os 30% restantes ficarão a cargo do britânico Apax e do americano Bain, revelou a fonte, acrescentando que caberia ao Barclays coordenar a operação.

“Uma vez assinado o contrato, os fundos conseguem entregar o valor prometido num prazo de cinco semanas”, argumentou a fonte que acompanha as negociações. “A proposta deles não tem problemas regulatórios. Como não possuem investimentos na área de telecomunicações em Portugal, os fundos não precisariam notificar a Autoridade da Concorrência (em Portugal) e a Direção Geral da Concorrência, em Bruxelas”. Em Portugal, a Altice já controla as operadoras Cabovisão e Oni, o que — pelo menos em teoria — poderia alongar o processo de aquisição da PT Portugal, subsidiária da Oi que detém ativos da Portugal Telecom. A demora se justificaria pela necessidade de aprovação das autoridades reguladoras para a transação. Procurada ao longo da tarde de ontem para comentar esses possíveis entraves regulatórios, a Altice não conseguiu atender a solicitação.

Caso vençam a disputa, os fundos de investimento pretendem abrir o capital da PT Portugal, numa oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) que poderia fortalecer a empresa financeiramente e ajudá-la a pulverizar seu capital. Apax e Bain têm conversado com parceiros portugueses interessados em participar da aquisição da PT Portugal, embora ainda não exista qualquer confirmação de que um terceiro investidor participará da oferta conjunta. “Se houver a entrada de um parceiro português, será com uma participação muito pequena”, revelou a fonte, sem confirmar se os Correios de Portugal (CTT) participam das conversações. Os Correios já informaram oficialmente que acompanham o processo de venda da subsidiária da Oi.

Na última sexta-feira, Apax e Bain entregaram uma carta ao banco BTG Pactual, que assessora a Oi na venda dos ativos da PT Portugal. O documento estabelece a entrega, no próximo dia 28 (sexta-feira) de uma proposta vinculativa (firme), de valor idêntico ao divulgado inicialmente na “intenção de investimento”: € 7,075 bilhões. “A carta entregue ao BTG Pactual não faz menção a qualquer aumento de valor. Não faria sentido elevar a proposta, uma vez que a oferta já é superior à da Altice”, diz a fonte. A francesa ofereceu € 7,025 bilhões pela PT Portugal.

Um dos argumentos contrários à oferta de Apax e Bain é de que os fundos estariam interessados em obter retorno no médio prazo, num prazo de cinco a sete anos, deixando de lado um projeto industrial de longo prazo. Outro obstáculo potencial seria a resistência do governo português a uma transação em que houvesse risco de desmembramento dos negócios da Portugal Telecom. Na semana passada, o ministro da Economia de Portugal, António Pires, informou que o governo não pretende interferir no processo de venda dos ativos. “Só se justificaria algum tipo de intervenção por parte do Estado se houvesse risco de desmembramento”, disse.

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