Por diana.dantas
Lisboa - O governo de Portugal está confiante de que a francesa Altice vai pôr um ponto final à turbulência de acionistas e à "degradação" da Portugal Telecom, maior operadora de telefonia do país, após a venda dos ativos da companhia pela Oi para o grupo francês por € 7,4 bilhões.
"A Portugal Telecom merece ter acionistas que queiram a empresa e queiram investir nela. Vejo com muito bons olhos que esta situação da PT Portugal tenha sido clarificada e de forma tão indiscutível", afirmou o ministro da Economia de Portugal, António Pires de Lima, à Rádio e Televisão de Portugal (RTP).
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Em Davos, no Fórum Economico Mundial, Pires de Lima mostrou satisfação com a aprovação pelos acionistas da PT SGPS da venda da PT Portugal à Altice.
"Um investidor que pega em € 7,4 bilhões, uma quantia apreciável em qualquer parte do mundo (...), como é evidente, quer valorizar os ativos que comprou em Portugal", disse Pires de Lima.
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O primeiro-ministro português também mostrou otimismo quanto ao futuro da PT Portugal. "Espero que agora a Portugal Telecom tenha condições de recuperar o caminho de estabilidade acionária e de gestão, para poder, com os seus trabalhadores e com a sua estabilidade, prestar bons serviços à economia portuguesa", disse o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a jornalistas.
O ministro da economia ressaltou que esta é uma oportunidade para deixar um período difícil para trás.
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"O fato da Portugal Telecom ter sido gerida como foi, ao longo dos últimos anos, e ter tido acionistas que estiveram fundamentalmente preocupados em usar a empresa como a sua tesouraria privada, para descapitalizar a empresa e satisfazer as suas necessidades financeiras, redundou nesta consequência terrível que foi a degradação da própria empresa", disse, em declarações à RTP.
A fusão entre a Portugal Telecom e a Oi, anunciada em 2013, visava originalmente criar uma operadora global de língua portuguesa, mas o projeto caiu por terra, abalado pelo polêmico investimento de € 900 milhões da companhia portuguesa em dívida da holding Rioforte, do colapsado Grupo Espírito Santo.
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"Seria um verdadeiro crime se se permitisse que uma empresa que emprega 10 mil pessoas e que é tão relevante para a economia portuguesa, do ponto de vista da inovação, do ponto de vista da tecnologia, da concorrência na área das telecomunicações, estivesse cada vez mais contaminada por problemas e dúvidas entre os seus accionistas", acrescentou.
A futura dona da Portugal Telecom, Altice, detém a Numericable na França e já é dona da Cabovisão e da Oni em Portugal.
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A francesa opera em mercados como a Bélgica, Luxemburgo e Suíça, assim como na América Latina, em países como a República Dominicana.
"A Portugal Telecom estará seguramente muito melhor (...) com quem quer fazer de Portugal aposta estratégica", acrescentou o ministro português.