Por monica.lima
Rio - A bola ainda rola devagar nos gramados do país, mas o futebol já está travando alguns batalhas fora das quatro linhas, com alguns dos principais times brasileiros anunciando a troca de seus fornecedores de material esportivo. De retorno à série A, a Ponte Preta anunciou contrato com a Adidas; a Lupo Sport, marca esportiva da Lupo, é a nova fornecedora do Figueirense; e Cruzeiro trocou a Olympikus pela Penalty.
Mas as substituições não param por aí. A recém-chegada ao Brasil Under Armour também movimenta o mercado. Após assinar acordo milionário com o São Paulo no fim do ano passado — o time troca de uniformes em maio, no Campeonato Brasileiro —, a empresa americana tem mostrado interesse pelo Internacional, já tendo até se reunido com a direção do clube, e feito com que a Nike pensasse em antecipar a renovação do contrato, que vai até meados de 2016, com o time do Rio Grande do Sul .
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Os investimentos, dizem os especialistas ouvidos pelo Brasil Econômico, são cada vez maiores — o São Paulo receberá R$ 135 milhões pelos cinco anos de contrato com a Under Armour; o Flamengo fechou contrato com a Adidas, em 2012, de R$ 380 milhões por dez anos; e recentemente o Corinthians renovou com a Nike garantindo cerca de R$ 40 milhões anuais até o fim do contrato em 2025. No entanto, não se sabe ao certo quanto o mercado de fornecimento de material esportivo movimenta no país. “O fornecimento de material é a maior caixa preta do marketing esportivo brasileiro”, diz o sócio-diretor da Pluri Consultoria, Fernando Ferreira.
Segundo o responsável pela área de Esportes da BDO Brazil, Pedro Daniel, esse mercado cresceu no país nos últimos dez anos, e a tendência é que a valorização continue e, consequentemente, o troca-troca de fornecedores também. Para ele, o valor agregado gerado por esses contratos é bem maior do que o conseguido com um patrocínio comum aos times, em que só é colocada a marca no uniforme.
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“A cada dia surgem novos produtos de times que essas empresas podem explorar para expor sua marca. Mais do que apenas estampar seu nome, elas apresentam seus produtos”, ressalta ele.
O professor de Gestão de Marcas da ESPM Rio, Antônio Carlos Morim concorda, e reforça que é muito difícil esse formato de contrato dar errado. “Um patrocinador ‘comum’ tem que valorar seu retorno de acordo com o desempenho do time. Quando falamos de produtos, o torcedor é o público-alvo, então muitas vezes, independente do momento, o retorno é garantido. Até porque a produção é muito bem pensada”, diz ele. “Claro que o volume vendido é maior com novas contratações e quando o clube está bem, mas, na minha opinião, quase não tem como dar errado”, completa.
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Nos gramados brasileiros, a Umbro — adquirida pela americana Iconix Brand Group em 2013 — fornece material esportivo para cinco (Vasco, Atlético-PR, Grêmio, Chapecoense e Joinville), dos 20 clubes da elite do futebol nacional, o mesmo número da rival Adidas (com Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Ponte Preta e Sport) e um a menos que a Nike (com Corinthians, Santos, Internacional e Coritiba). Ainda vemos Puma (Atlético-MG e Goiás), Fila (Avaí), Penalty (Cruzeiro), Under Armour (São Paulo a partir de maio), e Lupo Sport (Figueirense).
Para Morim, a chegada da Under Armour não esgota o mercado, mas sim reforça que ainda há espaço para novas entrantes. “O Brasil tem uma grande fatia de mercado ainda com muito potencial para esse tipo de consumo. Ele poderia ser, por exemplo, mais levado e mais bem explorado em outros esportes, como acontece em países como os Estados Unidos. Ainda estamos muito atrás”, explica ele.
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Ferreira ressalta, no entanto, que o jogo muda, quando falamos de médios e pequenos clubes, que têm encontrado dificuldade para conseguir materiais de qualidade, com condições contratuais que valorizem os times. “O mercado ainda tem alguns entraves que precisam ser resolvidos e fazem com que as empresas avaliem que médios e pequenos podem não dar o retorno que anseiam, como problemas de distribuição, preço das camisas oficiais e a pirataria”, destaca.