Por bruno.dutra

Rio - Os investidores reagiram mal à proposta da Oi, em fato relevante divulgado ontem, de uma conversão voluntária de papéis preferenciais em ordinários (com direito a voto), como forma de contornar o atraso na migração da base acionária da companhia para o Novo Mercado, nível mais alto de governança corporativa da BM&FBovespa. As ações ordinárias da operadora terminaram o pregão em queda de 7,94%, cotadas a R$ 5,79, enquanto as preferenciais fecharam a R$ 5,68 (- 4,69%).

No fato relevante, a companhia confirma que “uma das estruturas transitórias propostas pela administração da Oi” à Telemar Participações (TmarPart, holding que detém o controle da operadora) é a conversão voluntária dos papéis preferenciais em ordinários obedecendo a uma relação de troca de 0,9211 ação com direito a voto por cada preferencial. O objetivo final é a união das bases acionárias da Oi, da holding TmarPart e da Portugal Telecom SGPS e a posterior transição para o Novo Mercado. “A empresa deixou claro que está enfrentando desafios para migrar para o Novo Mercado”, resume Karina Freitas, analista da Concórdia Corretora. “Existe uma expectativa que nunca se concretiza.”

Ao absorver a Oi, a TmarPart teria de emitir novas ações — em substituição às da operadora — tanto no mercado brasileiro como nos Estados Unidos, já que a Oi tem papéis listados na Bolsa de Valores de Nova York. O registro dessa oferta junto à Security and Exchange Comission (SEC, a versão americana da Comissão de Valores Mobiliários) vem enfrentando problemas. O regulador americano exige a inclusão de demonstrações financeiras auditadas dos ativos aportados pela PT SGPS na Oi, como parte do processo de fusão entre as companhias. Mas os antigos auditores da companhia portuguesa se recusam a permitir a inclusão de seus relatórios nas demonstrações financeiras.

“O fato de a companhia propor uma conversão voluntária de ações não significa necessariamente que ela vai fazer isto”, pondera Marcelo Godke, sócio do escritório Godke, Silva & Rocha Advogados. “Você só alinha expectativas (com o mercado) quando faz algo concreto. E o histórico da operação entre Oi e Portugal Telecom não é bom”. Como a TmarPart não pode dar continuidade ao registro de suas ações junto à SEC, a holding está impedida de prosseguir com a incorporação da Oi, essencial ao processo de criação da CorpCo, companhia resultante da fusão com a Portugal Telecom.

Navaliação de Karina Freitas, da Concórdia, a forte queda registrada ontem nas cotações dos papéis da Oi está relacionada também a um contexto mais geral, desfavorável — o índice Ibovespa recuou 2,47% na quinta-feira. “O mercado, como um todo, estava de mau-humor. E as ações da Oi estão muito voláteis, oscilando de acordo com qualquer notícia”, diz a analista de mercado.

No documento, a Oi informa que sua administração “vem avaliando e propôs à TmarPart e aos seus acionistas algumas estruturas transitórias a serem adotadas previamente à migração ao Novo Mercado”. Procurada para detalhar quais seriam essas estruturas, além da conversão voluntária de ações preferenciais em ordinárias, a empresa optou por não se manifestar. No documento divulgado ontem, a companhia reconheceu — referindo-se à conversão — não ser possível assegurar “ que essa será a estrutura que será proposta, nem quando será confirmada ou submetida aos acionistas da Oi.”

Conselho da Telefônica aprova oferta pública de ações

O Conselho de Administração da Telefônica Brasil aprovou na noite da última quarta-feira a realização de uma oferta pública primária de ações de pelo menos R$ 15,8 bilhões que será usada em sua maior parte na operação de compra da operadora GVT. A oferta envolverá emissão de 113.049.225 ações ordinárias e 219.950.615 papéis preferenciais em lote inicial, que poderá ser acrescido de lote adicional suplementar a depender da demanda dos investidores.

Com Reuters

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