Por monica.lima

Rio - Segunda colocada no disputado mercado brasileiro de GLP (gás liquefeito de petróleo), a Liquigás vai investir R$ 650,3 milhões até 2018 para abocanhar mais 0,8 ponto percentual de market share, num movimento que pode ajudar a subsidiária da Petrobras a destronar a líder Ultragaz. A expectativa da Liquigás é de que seu volume de vendas cresça a uma taxa composta de 1,2% ao ano, entre 2014 e 2018, contra uma expansão anual estimada de 0,7% para o mercado de gás de cozinha no país.

De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), compilados pelo Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), a Liquigás detinha no fim do ano passado 22,5% do mercado de GLP. A expectativa da companhia é atingir em 2018 um market share de 23,3%, conta o presidente da Liquigás, Thomaz Lucchini Coutinho. “Entre 2014 e 2018, investiremos R$ 650,3 milhões em modernização das unidades operacionais e na expansão da carteira de clientes”, adianta o executivo. “A meta para os próximos anos é continuar inovando na distribuição e comercialização de GLP, alcançando a liderança de mercado e ampliando o papel da companhia na disseminação da marca Petrobras.”

A líder Ultragaz fechou 2014 com 23% de market share, enquanto a terceira colocada, a Supergasbras teve participação de 21,1%. Estima-se que cada ponto de participação neste mercado seja equivalente a R$ 250 milhões. Em anos recentes, a Liquigás chegou a sentir, temporariamente, o gosto da liderança no mercado de GLP, que se divide basicamente nas categorias “embalagens até 13kg” e “outros”(granel e embalagens de 20kg e 45kg). Em dezembro de 2013 e, também, em janeiro e dezembro de 2014, a Liquigás chegou a ultrapassar a Ultragaz. A Supergasbras — que em 2008 era vice-líder, com 22,9% de market share — caiu para o patamar de 21,1% no ano passado. “Esse é um mercado com um nível de competição muito alto”, afirma Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás.

Embora em nível nacional as variações sejam mínimas na comparação ano contra ano, a disputa esquenta nos mercados regionais, onde ganhar ou perder um cliente corporativo pode ter efeitos drásticos, explica Bandeira de Mello. Para virar o jogo novamente a seu favor, a Liquigás aposta também numa estratégia de expansão geográfica. “A Liquigás está trabalhando para expandir sua cobertura para atendimento de 100% dos municípios da sua área de atuação”, informa Coutinho, acrescentando que, além de ampliar sua rede de revendas, a estratégia da empresa passa pela aquisição de novos botijões. A empresa atua em 83% dos municípios brasileiros.

Em média, são vendidos no Brasil a cada mês aproximadamente 32 milhões de botijões de gás de cozinha — as embalagens até 13kg representaram no ano passado 70,8% de um mercado total de 7,4 milhões de toneladas de GLP. “Desde 2004, somos líderes no mercado de botijões de até 13kg, posição que está consolidada em 2014 com 24% de participação, conforme dados da ANP”, revela o presidente da Liquigás. Apesar de ser o segmento de maior peso dentro da indústria do GLP, o botijão até 13kg vem crescendo a taxas menores que as embalagens maiores. “Com a construção de moradias multifamiliares, as centrais de gás recarregáveis vêm tomando espaço do botijão tradicional”, analisa Bandeira de Mello. É o chamado mercado de gás a granel, em que tanques recarregáveis de grande volume instalados em condomínios e indústrias são reabastecidos por caminhões.

A principal vantagem do produto, em relação ao gás de cozinha vendido em botijões, está na conveniência. O consumidor não precisa se preocupar com a troca da embalagem, já que as residências são abastecidas por uma central. Também não é preciso se preocupar com a interrupção no fornecimento, uma vez que em muitos clientes a recarga do tanque é sinalizada automaticamente quando o volume de gás atinge determinado nível.

Mesmo com a pequena distância entre as participações de mercado de Ultragaz e Liquigás, não é certo que a segunda colocada assuma a liderança ainda que consiga chegar ao patamar de 23,3% projetado para 2018. Entre os fatores que podem alterar radicalmente o panorama do setor de GLP está a Copagaz, quinta colocada no ranking nacional e dona de uma participação de 8,1% em 2014. Empresa familiar, é a “princesinha” do mercado de gás de cozinha, cobiçada pelas grandes, conta uma fonte do setor que prefere não se identificar.

Em 2014, a demanda por GLP no Brasil cresceu 1,34%, contra uma variação positiva de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB). E a perspectiva para este ano não é das mais animadoras, admite Bandeira de Mello, do Sindigás. A estimativa para 2015 é de um incremento em torno de 0,7% nas vendas. “O desempenho financeiro das empresas vai depender de como o mercado absorverá as diversas pressões inflacionárias”, avalia o presidente do sindicato, listando como mais relevantes os custos com mão de obra, energia, aço (para os cilindros e botijões), frete e logística.

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